A crise em torno de Ednaldo Rodrigues na CBF teve nesse sábado, 10, uma nova frente aberta: o vereador do Rio de Janeiro Marcos Dias, do Podemos, apresentou à Comissão de Ética do Futebol Brasileiro (CEFB) um pedido de afastamento do cartola do cargo.
A denúncia de Dias à comissão está baseada na reportagem da coluna que revelou pagamentos milionários feitos pela entidade a Ricardo Lima, presidente da Federação Bahiana de Futebol e cunhado de Ednaldo; e nos gastos da CBF em benefício de Ednaldo e familiares, incluindo passagens e hotéis de luxo, como mostrou o repórter Allan de Abreu.
O vereador acusa Ednaldo Rodrigues e Lima de uso indevido de recursos da CBF, gestão temerária, conflito de interesses, uso do cargo para ganho pessoal, quebra da isonomia e falta de transparência. Dias quer o afastamento cautelar de Ednaldo e Lima dos cargos. O cunhado do presidente da CBF foi eleito um dos vice-presidentes para o próximo mandato do cartola, a partir de 2026.
No caso de Ricardo Lima, documentos internos da CBF obtidos pela coluna mostraram como explodiram seus ganhos junto à entidade entre 2021, quando Ednaldo assumiu o cargo, e 2024: de R$ 860 mil para R$ 3,6 milhões, um salto de 318%. Presidentes de federações estaduais, como Lima, recebem salários da CBF. O dinheiro foi destinado a ele a título de “honorários” e “pagamentos autônomos” — que a confederação não explicou o que seriam.
A denúncia de Marcos Dias pediu ainda que os pagamentos a Lima (à direita na foto abaixo) sejam investigados, assim como as despesas com familiares de Ednaldo Rodrigues, e uma auditoria externa sobre as práticas financeiras da gestão dele na CBF.
A Comissão de Ética da confederação, à qual a denúncia foi submetida, foi criada em uma reforma estatutária da entidade em 2017 para ser, ao menos em tese, um órgão “autônomo” e de “controle externo” da entidade, baseada no “Código de Ética e Conduta do Futebol Brasileiro”.
Na prática, contudo, denúncias contra Ednaldo e sua gestão não têm avançado na comissão, composta por seis membros e presidida pelo advogado Carlos Renato de Azevedo Ferreira. Apesar da “autonomia”, Azevedo recebe salário da CBF — que foi aumentado de R$ 40 mil para R$ 50 mil por Ednaldo em janeiro de 2024, como mostrou o repórter Pedro Ivo Almeida.
Antes da denúncia do vereador carioca, como mostrou a coluna, a deputada federal Daniela do Waguinho, do Republicanos do Rio de Janeiro, já havia pedido o afastamento de Ednaldo Rodrigues à comissão.