A Caixa Seguridade, empresa de seguros controlada pela Caixa Econômica Federal, não se assustou pelo período de seca na B3, a bolsa de valores brasileira, e decidiu fazer seu follow-on no fim de março. Follow-on é uma nova oferta de ações que uma empresa já com capital aberto faz ao mercado.
Neste, o objetivo da Caixa Seguridade era alcançar uma fatia de 25% de seu capital listado em bolsa para se enquadrar de forma definitiva no Novo Mercado da B3, segmento que reúne companhias com alto nível de governança e transparência.
Na oferta, que movimentou R$ 1,2 bilhão, os investidores estrangeiros ficaram com 50% das ações da empresa.
Em entrevista à coluna, Felipe Montenegro Mattos, presidente da Caixa Seguridade, atribuiu o sucesso ao corpo a corpo com investidores e à proximidade da UBS e do Bank of America (BofA), que atuaram na operação, com o mercado estrangeiro — além do apoio do presidente da Caixa, Carlos Vieira, responsável pela interlocução com o governo.
"Foram cerca de 300 reuniões este ano com investidores e analistas de bancos. Só no período de duas semanas antes do follow-on, foram mais de cem”, disse Mattos.
Desde que assumiu a presidência da companhia em 2023 (antes disso era servidor de carreira na Caixa), Mattos ampliou a participação da empresa em eventos e conquistou mais interesse do mercado, ao conseguir aumentar a cobertura da Caixa Seguridade no mercado de ações. O número de bancos e corretoras que acompanham seus resultados passou de quatro para 13.
“A gente fez um IPO que foi um sucesso na época, em 2021, e eu acho que, num movimento natural, a empresa se acomodou, se fechou para analisar o negócio e aperfeiçoá-lo internamente e esqueceu de se divulgar. O meu direcionamento foi de divulgar mais o case da Seguridade para o investidor. O nosso grande trabalho é o de sermos conhecidos, nem tanto de convencimento”, analisou.
Mattos também destacou a maior previsibilidade do mercado de seguros do Brasil em relação ao dos Estados Unidos como fator importante para conquistar os investidores estrangeiros.
"No Brasil, o mercado de seguros atua em algumas linhas que são muito previsíveis, como o seguro habitacional, nosso carro-chefe, um seguro em que você pode ter uma linha de até 35 anos de emissão de prêmio mensal. A Caixa Seguridade não trabalha com auto nem seguro rural nem grandes riscos. Por isso, acabamos sendo muito previsíveis”, comparou.
“Aqui, o nosso resultado operacional é maior do que o financeiro. Em uma seguradora dos Estados Unidos, geralmente esse resultado é meio a meio. Eles [nos EUA] levam um tempo para entender que a nossa lógica é diferente.”
A despeito da maior proximidade com investidores estrangeiros e de informações que circularam no mercado, Mattos refutou qualquer possibilidade de listar a Caixa Seguridade em bolsa americana. “Não existe esse debate.”