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Como a tensão na economia americana afeta o controle da inflação no Brasil

O governo brasileiro aposta da queda do dólar, na oferta maior de produtos na safra 2024/2025 e no menor impacto de eventos climáticos. Só que parte da expectativa tem sido derrubada pelas consequências do temor de recessão nos Estados Unidos

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Cada vez que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça tarifar parceiros comerciais e os países sinalizam retaliação aos americanos, uma perna importante da estratégia do governo brasileiro para reduzir a inflação dos alimentos em 2025 fica fragilizada. A volatilidade da cotação do dólar afeta diretamente o preço de insumos para agricultura, como fertilizantes, e encarece a comida no Brasil.

Depois da taxa de câmbio ter batido R$ 6,30 no final de 2024, para os preços caírem este ano o governo conta com um recuo da cotação da moeda estrangeira que, no início do ano passado, estava mais perto dos R$ 5 e, no final, rompeu a barreira dos R$ 6. Esse valor, segundo análise de técnicos da equipe econômica, não traduz a realidade dos indicadores do Brasil, mas um momento de estresse.

Embora o governo aposte que o estresse será menor neste ano, o ambiente permanece tensionado com as ameaças e intimidações de Trump de iniciar uma guerra comercial. Isso se reflete na cotação do dólar, o principal canal de contágio da economia brasileira pela volatilidade externa. Além da cotação do dólar, o governo brasileiro conta com um recorde da safra atual, com menos impacto de eventos climáticos, para obter uma oferta maior de produtos este ano.

Volatilidade financeira
A semana começou refletindo tensão nos mercados financeiros. Em entrevista, Trump deu sinais de que a economia americana pode entrar em recessão. São crescentes as especulações nesse sentido, pois as taxações de produtos de outras economias, como o Canadá, por exemplo, foram acompanhadas de anúncios de retaliação aos Estados Unidos.

As medidas ainda não entraram em vigor, mas os analistas já fazem as contas. Os Estados Unidos não têm como abastecer sozinho o seu próprio mercado. Com isso, a política de tarifaços de Trump vai encarecer produtos no mercado interno, pressionando a inflação, que, por sua vez, reduz o poder de compra. Resultado: mais inflação e menos crescimento.

Menos crescimento nos Estados Unidos geram impacto no resto do mundo, especialmente porque, na atual conjuntura, ele se soma à alta generalizada dos preços americanos e à expectativa de alta dos juros por parte do FED, o banco central de lá. Diante dessas possibilidades, a cotação do dólar no Brasil subiu e a bolsa de valores, caiu.

Fora a volatilidade já instalada nos mercados diante da ameaça de uma guerra comercial, a estratégia econômica do governo americano de acuar parte do mundo tem efeitos ainda não mensurados caso seja implementada, pois dependerá da reação dos países atingidos.

No caso do Brasil, a taxação do aço e do alumínio pelo governo Trump está prevista para entrar em vigor nesta quarta-feira, 12. O vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, negocia com representantes do governo americano alternativas que amenizem o impacto para a indústria brasileira.

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