A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro classificou como “surpreendente e indignante” a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que impôs tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e outras restrições ao ex-chefe do Executivo. Em nota, os advogados afirmaram que Bolsonaro “sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário” e disseram que só vão se manifestar nos autos após terem acesso à íntegra da decisão.
As medidas foram adotadas após a Polícia Federal apontar risco de fuga e reiteradas violações a restrições já impostas ao ex-presidente no âmbito da ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado.
Aliados e oposição reagem com críticas
Políticos aliados de Bolsonaro direita reagiram em bloco contra a decisão de Moraes. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou nas redes sociais que o ex-presidente é um “homem de bem” e que a decisão equivale a impor pena antes do julgamento. “Ele jamais sairia do país e não representa, como nunca representou, nenhum risco para a sociedade”, escreveu.
O Partido Liberal, legenda de Bolsonaro, divulgou nota oficial repudiando as ações da Polícia Federal e classificando a decisão do STF como “desproporcional”. A sigla questionou a necessidade das medidas e reafirmou “total confiança” em Bolsonaro, destacando sua “colaboração com todas as investigações”.
A liderança da Oposição na Câmara também emitiu nota atacando o que chamou de “escalada autoritária” e “abuso de poder”. O grupo afirmou que o Brasil vive um “regime de exceção” e que a operação contra Bolsonaro é uma tentativa de “eliminar a principal liderança da direita na América Latina”. A oposição pediu ainda manifestação de organismos internacionais de defesa dos direitos humanos e da democracia.
Outros parlamentares reforçaram o tom. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) disse que Bolsonaro está sendo “vigiado como bandido” sem ter sido condenado. “Isso não é justiça. É censura”, escreveu. “O povo está anotando tudo”, concluiu.
Família fala em perseguição e humilhação
Dois filhos do ex-presidente também se manifestaram contra a decisão de Moraes. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) listou em inglês as medidas restritivas impostas ao pai e afirmou que, após a publicação de um vídeo dirigido ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Bolsonaro passou a enfrentar um novo cerco. “Ele não pode usar redes sociais, falar com diplomatas ou mesmo conversar com os próprios filhos que são investigados”, disse.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a decisão é marcada por “humilhação proposital” e acusou o ministro do STF de agir por “ódio”. “Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes para tomar medidas totalmente desnecessárias e covardes”, escreveu. Flávio comparou a situação do pai a perseguições históricas e mencionou o “Mandela Day” como símbolo da luta contra injustiças. “O mundo dá voltas rápido e o povo fica ao lado de quem é injustamente perseguido”, completou.