O comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgado nesta quarta-feira, 10, frustrou integrantes da equipe econômica e da ala política do governo. Tanto no Ministério da Fazenda quanto nos gabinetes do Palácio da Planalto a expectativa era de que a equipe do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sinalizasse que o ciclo de cortes de juros poderia começar entre janeiro e março de 2026. 

O tom conservador foi classificado como “um banho de água fria” por auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Fernando Haddad (Fazenda). A avaliação interna do técnicos governistas é de que a inflação está em clara trajetória de queda e que as projeções para o horizonte relevante, que olham para a estimativa até 18 meses à frente, estão ao redor da meta de 3%. 

Segundo técnicos do governo, o discurso conversador do BC pode levar a aumento das críticas ao trabalho de Galípolo e dos demais diretores. Um integrante da ala política afirmou que Lula está mais preocupado em resolver os atritos com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, mas demonstrou irritação ao ser comunicado do tom duro do comunicado do Copom. 

Entre técnicos da ala econômica, a avaliação é de que na reunião de janeiro as projeções do Copom para a inflação estarão na meta de 3%, o que deve garantir que os juros comecem a cair na reunião seguinte, em março.