Na véspera da entrada em vigor do tarifaço de 50% sobre a maior parte das vendas do Brasil para os Estados Unidos, empresários que estarão em Brasília nesta terça-feira, 05, na reunião do CDESS (Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável), o Conselhão, esperam ouvir do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, os planos para minimizar os estragos da medida na economia brasileira e evitar aumento do desemprego.

“O governo precisa dar um rumo para o setor produtivo. Na verdade, desde o dia que foi confirmado o tarifaço, isso já poderia ter sido feito porque estamos todos sem a menor previsibilidade”, destacou um executivo membro do Conselhão, que prefere se manter no anonimato. “A insatisfação é grande. Todo mundo vai perder, são empregos que estão em jogo. Mesmo com as isenções que o vice-presidente conseguiu, é preciso negociar mais”, afirma uma executiva, também integrante do colegiado, apostando que ainda haverá solução para setores como os de café, carne e frutas, que ficaram com a taxação máxima de 50%.

Originalmente, a pauta do encontro do Conselhão previa, além da posse de 131 novos conselheiros e da recondução de outros 155, um debate sobre a COP30, a conferência sobre mudanças climáticas que ocorrerá em novembro em Belém. A programação também incluía uma apresentação da ministra Simone Tebet (Planejamento) sobre o projeto em discussão para a estratégia de desenvolvimento do país até 2050. Esses pontos da agenda podem ser alterados.

No Palácio do Planalto, porém, não há confirmação de que Lula anunciará as medidas que a equipe econômica preparou como plano de contingência para lidar com a crise deflagrada a partir do tarifaço de Donald Trump. Mas, está confirmado, o presidente tratará do assunto no discurso. Segundo integrantes do governo, a pauta da primeira parte do evento, que ocorrerá na parte da manhã, foi ajustada e ficará concentrada na fala de Lula e de Alckmin. “Todas as demais apresentações foram suspensas”, confirmou um integrante do governo.

A princípio, chegou-se a cogitar um pronunciamento do presidente Lula no final de semana, no entanto, o Planalto preferiu esperar a entrada em vigor das medidas para implementar essa iniciativa. Com isso, há quem defenda no entorno do presidente que o plano de ação do governo também não seja divulgada durante do Conselhão. As equipes do vice-presidente e do Itamaraty seguem com as conversas e a torcida do setor empresarial é para que alguns segmentos ainda possam sair da lista da taxação.