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Contra a inflação, governo estuda plano para baratear a cesta básica

Ideia de baixar juros para o médio produtor rural está sendo discutida pelos ministérios de Agricultura e Desenvolvimento Agrário e será levada para avaliação de Lula

Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário do governo Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Depois da alta registrada em 2024, quando os preços de alimentos essenciais na mesa dos brasileiros fizeram a inflação disparar, o governo estuda medidas que ajudem a aliviar a pressão inflacionária neste ano. Uma proposta que será levada ao presidente prevê a redução pela metade dos juros nos financiamentos voltados para médios produtores rurais, no âmbito do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural). A ideia, porém, é que o benefício seja destinado exclusivamente para produtos da cesta básica.

A medida está sendo debatida pelos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, conforme confirmou ao PlatôBR o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário, na foto em destaque). “Estamos na fase de discussão com o Ministério da Agricultura”, afirmou. “Assim que formatarmos a medida, levaremos para o presidente Lula avaliar.”

Segundo avaliações internas do governo, em 2025, alguns movimentos ajudarão no processo de desinflação, em especial dos alimentos. O primeiro é o recuo do dólar. Depois de bater R$ 6,30 em dezembro, a cotação da moeda americana recuou para R$ 5,81 nesta segunda-feira, 3. Isso afeta diretamente o preço de produtos comercializados internacionalmente e cotados em moeda estrangeira, como arroz, carne, soja e café.

Além disso, acredita-se que a alta registrada em 2024 em alguns produtos, como a carne, por exemplo, deverá arrefecer em 2025. Após registrar uma queda de 9% em 2023, o preço da carne disparou e bateu 20,84% em 2024, segundo dados do IBGE. Com isso, foi um dos itens com maior peso na inflação dos alimentos, que chegou a 7,69% no ano. De acordo com especialistas, depois de dois anos de muitos abates, a oferta do boi começou a diminuir, contribuindo para alta do preço - ao contrário do governo, porém, eles acreditam que isso ainda deve se manter em 2025.

Outro ponto que deverá ajudar na redução dos preços, segundo técnicos do governo, é a expectativa de safra recorde, além dos movimentos para destinação de crédito agrícola com custos menores para produtos da cesta básica em programas como Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e, agora, o Pronamp.

Na safra 2024/2025, foram liberados R$ 65 bilhões dentro do Pronamp, um crescimento em relação aos R$ 61 bilhões do ano anterior. Os recursos, destinados a produtores rurais com renda bruta anual de até R$ 3 milhões, podem ser utilizados para desde compra e reforma de maquinários e equipamentos até formação de lavouras.

A redução do preço dos alimentos é um dos maiores desafios do governo neste ano. A expectativa do Palácio do Planalto é que medidas de estímulo a aumento da produção possam ajudar no recuo dos preços, aliviando, dessa forma, o trabalho do Banco Central no controle da inflação. Desde o final do ano passado, o BC está elevando a taxa de juros como forma de conter a subida dos preços.

Na semana passada, o Copom, comitê que define a trajetória dos juros no Brasil, anunciou elevação na taxa de Selic em 1 ponto percentual, e já está prevista nova alta para a reunião de março. A grande incógnita é sobre o comportamento dos diretores do BC no encontro previsto para maio. Os analistas de mercado apostam em novas altas a partir daí, mas em doses menores. O governo torce pelo encerramento do ciclo.

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