Depois de longo processo de negociação, PSDB aprovou nesta quinta-feira, 5, a incorporação do Podemos em convenção nacional realizada em Brasília. A decisão foi tomada por 201 votos a 2. A unidade das duas siglas tem o objetivo de facilitar o cumprimento das cláusulas de barreira para evitar a perda de status político e de acesso, por exemplo, ao fundo eleitoral. Sem atingir as metas legais, as legendas correm o risco de serem rebaixadas para uma espécie de segunda divisão da política.
A ideia inicial era promover uma fusão dos dois partidos, mas nas últimas semanas houve mudança de entendimento. A incorporação foi o modelo escolhido para evitar problemas jurídicos com o Cidadania, sigla com a qual o PSDB é federado. Em federações, não é possível separação antes dos quatro anos, segundo a legislação. Na incorporação, um partido é absorvido por outro.
O Cidadania já anunciou que irá se separar dos tucanos, mas pelas normas, a aliança só pode ser quebrada em 2026. Com a incorporação, o PSDB segue existindo com o mesmo nome.
Em outra votação, por 199 a 4, a convenção encarregou a Executiva Nacional de encaminhar o processo de unidade com o Podemos. O processo até a homologação pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) demandará alguns meses.
Presidente do Instituto Teotônio Vilela, mantido pelo PSDB, o deputado Aécio Neves (MG) definiu o novo perfil da sigla: “Eu acredito muito nesse projeto, que pode permitir a criação de um partido de centro no Brasil, que é o que nós mais precisamos. Um partido longe dos extremos, representados pelo lulopetismo e pelo bolsonarismo”, disse o parlamentar ao PlatôBR.
Fundado em 1988 a partir de uma divisão do PMDB (hoje MDB), o PSDB foi um dos principais partidos políticos do país depois da redemocratização. No período mais relevante, a sigla elegeu Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998, para dois mandatos de presidente. Nas últimas décadas, com o crescimento do campo direitista, a legenda perdeu espaço e chegou à situação atual, com risco de não cumprir as cláusulas de desempenho exigidas pela legislação.
Números da incorporação
Com a união, o PSDB terá três governadores, 396 prefeitos, 18 deputados federais, 7 senadores. O Podemos conta, atualmente, com 127 prefeitos. Na Câmara dos Deputados, o partido tem 15 representantes e, no Senado, quatro. Não possui governadores eleitos.
O PSDB elegeu 269 prefeitos e três governadores. Entretanto, dois – Raquel Lyra (PB) e Eduardo Leite (RS) – se desfiliaram do partido recentemente. Então, o único Estado comandado pelos tucanos é Mato Grosso do Sul, com Eduardo Reidel. No Congresso, a sigla tem três senadores e 13 deputados federais.