O episódio dos trabalhadores encontrados em situação análoga à escravidão em fábrica da BYD (Build your Dreams) na Bahia já é suficientemente grave, mas o Jinjiang Group, contratada da fabricante chinesa de veículos elétricos, decidiu piorar. Escreveu a empresa em sua conta oficial na rede social Weibo:
"Ser injustamente rotulado como 'escravizado' fez com que nossos funcionários sentissem que sua dignidade foi insultada e seus direitos humanos violados, ferindo seriamente a dignidade do povo chinês. Assinamos uma carta conjunta para expressar nossos verdadeiros sentimentos".
Eis o "insulto", segundo Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Defensoria Pública da União, Polícia Rodoviária Federal, Ministério Público Federal e Polícia Federal:
- 163 trabalhadores submetidos a jornadas extenuantes e restrições à liberdade;
- superlotação nos alojamentos dos trabalhadores;
- falta de colchões;
- roupas misturadas a alimentos, por falta de armários;
- um banheiro para cada 31 trabalhadores, obrigando-os a acordar às 4h para conseguir tomar banho e sair para o trabalho às 5h30.
- falta de lavanderia, forçando os trabalhadores a lavarem suas roupas no banheiro que compartilhavam.
A BYD afirmou ter cortado relações com a empresa que contratou os funcionários, mas Li Yunfei, gerente de relações públicas da BYD compartilhou em sua própria conta no Weibo a postagem da Jinjiang. O gerente apelo para retórica que chega a ser clichê sobre quando alguém quer desvirtuar uma discussão: acusou "forças estrangeiras" e veículos de mídia chineses de "deliberadamente difamar marcas chinesas e o país e minar o relacionamento entre a China e o Brasil".
Caberia à BYD no Brasil agora desautorizar esse tipo de discurso e mostrar que a situação de degradação encontrada não se repetirá. A menos que os “dreams” prometidos pelo nome da empresa sejam só da porta da casas para fora.