O coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, ficou frente a frente com o tenente-coronel Mauro Cid, delator dos processos do plano de golpe de Estado, em acareação no STF na manhã desta quarta-feira, 13. Acusado de monitorar autoridades para cometer atentados, o militar atacou três pontos da delação premiada do ex-ajudante de ordens do Planalto para tentar minar a acusação da PGR (Procuradoria Geral da República) no processo – que vai a julgamento em setembro.
A acareação durou cerca de uma hora. Marcada pelo relator dos processos no STF, ministro Alexandre de Moraes, a audiência foi realizada a porta fechadas e diante do juízo. Mauro Cid confirmou parte dos pontos questionados por Câmara.
Câmara não confrontou Cid nem o que ele disse, mas questionou a interpretação da PGR sobre a delação. O coronel evitou ataques ao ex-colega de farda e de Planalto, segundo apurou o PlatôBr. A estratégia da defesa foi apontar erro no entendimento, que consta na denúncia, sobre seu papel na trama golpista – em especial, sobre o monitoramento de Moraes. Ele argumentou que não manteve Moraes sob vigilância contínuo no final de 2022, como sustenta a PGR.
O coronel atribuiu o pedido de monitoramento de Moraes a Bolsonaro, mas disse que o procedimento não era continuo nem feito por meio ilegal. Teria como objetivo aproximar o então presidente do ministro. Além tentar minar o pedido de condenação contra Câmara, a estratégia busca jogar a acusação contra o delator – a PGR foi isolada desde o início do acordo de delação, feito pela Polícia Federal e homologada por Moraes.
Preso preventivamente, o militar foi ao Supremo monitorado por tornozeleira eletrônica. Seu advogado Eduardo Kuntz vai usar o depoimento para pedir que ele deixe a cela em unidade militar em que se encontra e vá para casa. Cid passou pela acareação poucas horas do fim do prazo para as alegações finais dos oito réus que serão julgados na primeira leva, entre eles, Jair Bolsonaro.