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Cotado para ministério, líder do MDB vê governo no rumo certo e elogia Janja

Apontando como possível ministro palaciano, deputado do MDB defende Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, e não considera grave a queda na aprovação do presidente. Parece até que já está no cargo...

Deputado Isnaldo Bulhões
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O deputado alagoano Isnaldo Bulhões lidera a bancada do MDB na Câmara desde 2020. Cotado para assumir a SRI (Secretaria de Relações Institucionais) do governo, o parlamentar conta com o apoio do novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), de quem é amigo, para ocupar um dos gabinetes do terceiro andar do Palácio do Planalto.

Nesta terça-feira, 18, os dois chegaram juntos ao cafezinho, espaço contíguo ao plenário onde políticos, assessores e jornalistas lancham e conversam durante as sessões. Em uma roda de jornalistas, Bulhões negou a possibilidade de substituir Alexandre Padilha na SRI, atitude normal para quem não foi confirmado e, talvez, nem seja. Mas, durante a conversa, o deputado defendeu o governo, o presidente e até a primeira-dama, Janja da Silva. Parecia falar como ministro de Lula.

Abaixo, os principais tópicos da conversa.

Popularidade de Lula
O emedebista indicou que há um alarde exagerado em torno da queda na popularidade de Lula apontada pela pesquisa do Datafolha divulgada na semana passada. "Alguns presidentes que foram reeleitos, inclusive Bolsonaro que quase foi, estavam muito piores no ao anterior. A Dilma (Rousseff) também passou por isso e venceu. Então, a gente tem que fazer uma autocrítica. Eu conversei com algumas pessoas para saber se eu estava ficando louco ou não. Acho que há uma sensação de que o governo é ruim sendo que, na realidade, ele não é."

Janja
Isnaldo Bulhões disse que não está na turma que critica a primeira-dama, Janja da Silva, por sua participação ativa no governo  Lula. Considera as críticas injustas. "Ela faz é um bem para o Brasil porque é ela quem cuida dele, que está no dia a dia", afirmou. "Criaram o estigma da primeira-dama." O deputado ainda comparou Janja com Michelle Bolsonaro que, a seu ver, interferia muito mais sem sofrer o mesmo nível de crítica. "A primeira-dama anterior interferia muito mais. Até ministro do Supremo ela elegeu e comemorou. A Michelle Bolsonaro até discursou na posse, coisa que eu nunca vi acontecer. Eu acho isso uma verdadeira bobagem."

Isolamento presidencial
Bulhões minimizou a crítica de que Lula não conversa tanto com congressistas quanto em seus mandatos anteriores. Disse que não vê o presidente isolado politicamente. "Eu não tenho problema se o Lula não fala comigo toda semana. Na hora que ele precisa falar, ele me convida e eu vou lá. Sou um aliado histórico, sou um eleitor dele", disse o emedebista. "O presidente deve tocar o cotidiano dele como ele achar correto. Ele é o presidente da República."

Anistia
Sobre o projeto de lei para anistiar golpistas de 8 de janeiro, Bulhões disse não acreditar que a proposta, que é de interesse do PL, partido de Jair Bolsonaro, tenha votos para ser aprovado na Câmara. "Não contei voto, mas acho que não será pautado. É um assunto que tem muitas dificuldades", disse. O deputado indicou ainda que a proposta serve mais como discurso para o eleitorado bolsonarista do que como defesa séria no parlamento. O tema da anistia, explicou, nem chegou a ser colocado nas três reuniões de líderes deste mês. "Eles (partidários de Bolsonaro) estão certos em falar no assunto. Eles têm que sobreviver eleitoralmente."

Mercado financeiro
Para Bulhões, há setores que estão insatisfeitos com o governo, mas isso não é um sentimento generalizado. "É um governo que tem pleno emprego e as rendas subiram. É verdade que isso gerou inflação, mas eu não acho que o governo é tão ruim. Há essa sensação na classe média, uma decepção aqui, outra acolá, e o que o mercado financeiro impõe de forma muito injusta. Nós (governo) temos um time que não tem tanta intimidade com a comunicação digital e esse é um desafio."

Apoio de Hugo Motta
O deputado afirmou que o fato de ser amigo de Motta não o credencia para o cargo de ministro ou qualquer outro, mas se disse feliz por ser lembrado para a função. "Somos amigos há muito tempo e não tem nada a ver com composição da reforma ministerial. Ele era da juventude do MDB e nossas famílias são amigas. Mas isso não me credencia para ocupar nenhum cargo. Antes de eu vir para cá (para a Câmara) já éramos amigos. Mas eu fico muito feliz de ser lembrado." Bem humorado, Bulhões fez questão de dizer que Lula também é seu amigo e brincou com a idade do presidente. "É de outra geração, mas é amigo", disse, sorrindo.

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