A CPI Mista do INSS abriu a semana com o avanço nas investigações sobre o esquema bilionário de desvios do dinheiro de aposentados e pensionistas, de 2019 a 2024. A comissão mista de inquérito iniciou a análise de documentos em busca de dados sobre políticos, servidores e parlamentares. No fim desta segunda-feira, 22, um ex-operador de empresas usadas na fraude ouvido na comissão saiu preso da sessão por volta da meia-noite.
Rubens Oliveira Costa foi convocado para depor como testemunha da CPI nesta segunda-feira, 22. Suspeito de ser operador financeiro do esquema, ele admitiu movimentações milionárias aos membros da comissão, apesar de chegar com uma ordem para permanecer calado.
Morador de Brasília, ele disse ser ex-administrador das empresas de Antonio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”, preso desde o dia 12 de setembro na Polícia Federal. O principal alvo das investigações controlava mais de vinte firmas, segundo documentos da Operação Sem Desconto – que já derrubou gente do primeiro e do segundo escalão do governo. Os recursos eram drenados dos cofres públicos com descontos via entidades sindicais e falsas autorizações.
Convocado por 11 parlamentares, entre eles o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o ex-funcionário virou testemunha central. Dono de empresas de consultoria, ele acabou respondendo algumas perguntas e teria, segundo parlamentares, mentido e confessado ligação com crimes. Recebeu voz de prisão do presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), no final do interrogatório. A polícia do Senado deteve Costa e o retirou da sala da CPI.
Gaspar classificou o depoimento de Costa como “essencial para esclarecer a extensão de sua participação na chamada farra do INSS”. Na semana passada, Milton Salvador de Almeida Junior e Nelson Willians, advogado e investigado por supostos elos com o esquema, foram ouvidos, mas sem revelações relevantes.
O presidente da CPI anunciou também para quinta-feira, 25, o depoimento do “careca do INSS”, também preso pela Polícia Federal há dez dias. Os advogados de Antunes teriam combinaram o interrogatório, segundo Viana. A comissão considera que ele pode indicar à descoberta de novos “carecas” e outros “padrinhos políticos”.