O governo federal sinalizou ao setor que a Medida Provisória do ReData, que reduz impostos federais sobre equipamentos de data centers, deve ser enviada em setembro. A ideia é cortar a carga tributária de 52% para 18% e destravar bilhões em investimentos internacionais que hoje fogem para países com regimes fiscais mais agressivos. O Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2026 já prevê espaço para o programa, antecipando o impacto fiscal.
No orçamento de 2026, os incentivos do ReData já incluem renúncia fiscal sobre equipamentos de TI, como servidores, GPUs, switches e racks, com alívio em PIS/Pasep, Cofins, IPI e Imposto de Importação (quando não houver similar nacional). As regras para obras civis, sistemas de energia e refrigeração, no entanto, só devem entrar em vigor em 2027, com a implementação das normas permanentes da reforma tributária, mas a sinalização já anima investidores e fortalece a aposta do Brasil como destino estratégico de data centers.
Uma vez aberta a pista, a corrida é por velocidade: concessões de energia, conexão de grandes consumidores e regras mínimas para inteligência artificial estão na mesa do Ministério da Fazenda e do Ministério da Indústria, com aval da pasta de Minas e Energia e da Casa Civil. O setor aposta que, com regras claras, o Brasil pode se tornar hub regional de infraestrutura digital.
“A economia moderna não existe sem data centers. Temos energia renovável sobrando e capacidade de exportar dados. Só precisamos de celeridade e previsibilidade”, afirma Renan Lima Alves, presidente da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC).
Os representantes do setor agora entram em uma empreitada para retirar o “estigma ambiental” ao qual a atividade está ligada. Um levantamento inédito da Brasscom mostra que os data centers representam 1,7% do consumo de energia do país e 0,003% do uso de água — menos que o setor industrial, a metalurgia ou mesmo o consumo residencial.