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De padre a militar que desmaiou diante da PF: a lista para além de Bolsonaro

Tenente-coronel que comandava batalhão de operações psicológicas do Exército passou mal ao ser alvo de buscas em fevereiro. Padre bolsonarista, por sua vez, participou de uma polêmica reunião no Planalto no governo passado

Batalhão de Operações Psicológicas
Foto: Reprodução/EB

Para além de Jair Bolsonaro e de vários oficiais de alta patente das Forças Armadas, entre os indiciados pela Polícia Federal no relatório final da investigação sobre a tentativa de golpe há personagens curiosos.

Entre eles está um oficial do Exército que comandava o Batalhão de Operações Psicológicas e, no início deste ano, ao ser alvo de uma ação de busca da própria PF, desmaiou diante dos agentes. O batalhão (na foto em destaque) é ligado à unidade de forças especiais da corporação.

O episódio ocorreu em fevereiro, em Goiânia. O tenente-coronel do Exército Guilherme Marques de Almeida precisou ser socorrido, mas se recuperou e ajudou as buscas.

Da lista de indiciados, repleta de militares (são seis generais, um almirante, 8 coronéis, quatro tenentes-coronéis e três majores), sobressai também um padre católico. Trata-se de José Eduardo de Oliveira e Silva, de uma paróquia da cidade paulista de Osasco. Com mais de 400 mil seguidores nas redes sociais, o padre participou de uma reunião no Planalto sobre a trama golpista. Bolsonarista, Oliveira e Silva ficou conhecido por suas postagens anti-feministas. Nas suas missas, ele costumava usar uma bandeira do Brasil no altar.

O rol de indiciados tem ainda um velho conhecido da Polícia Federal e do Poder Judiciário: Valdemar Costa Neto, presidente do PL, o partido de Jair Bolsonaro. Valdemar foi condenado e preso no escândalo do mensalão do PT, investigado na Operação Lava Jato por ligação com o chamado petrolão e, agora, é enquadrado também nas investigações sobre a tentativa de golpe. É uma espécie de bingo nos casos mais clamorosos da crônica político-policial recente do Brasil.

Outro personagem peculiar da lista é um conhecido influenciador bolsonarista, neto de João Figueiredo, presidente da República na ditadura. Paulo Figueiredo, que vive nos Estados Unidos, é crítico ferrenho de Alexandre de Moraes e defensor ardoroso de Jair Bolsonaro. Ele é economista e já foi comentarista da Jovem Pan.

As investigações que resultaram nos 37 indiciamentos duraram quase dois anos e foram baseadas em documentos apreendidos em diversas operações deflagradas ao longo desse período, quebras de sigilo bancário, fiscal, telemático e telefônico e informações colhidas por meio de acordos de delação premiada.

Conheça a lista completa de indiciados e saiba quem é quem:

- Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão da reserva do Exército;
- Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército;
- Alexandre Rodrigues Ramagem, deputado federal, delegado da PF e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier Santos, almirante, ex-comandante da Marinha;
- Amauri Feres Saad, advogado, apontado como um dos autores da “minuta do golpe”;
- Anderson Gustavo Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça;
- Anderson Lima de Moura, coronel do Exército;
- Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército;
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira, general da reserva do Exército e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Bernardo Romão Correa Netto, coronel do Exército;
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro contratado pelo PL para questionar as urnas;
- Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército;
- Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército que atuou no Comando de Operações Terrestres;
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general do Exército, ex-comandante do Comando de Operações Terrestres do Exército;
- Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército;
- Filipe Garcia Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, apontado como um dos cabeças do chamado Gabinete do Ódio;
- Fernando Cerimedo, influenciador digital argentino;
- Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército, apontado como integrante da chamada “Abin paralela”;
- Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército, ex-comandante do Batalhão de Operações Psicológicas, ligado as forças especiais;
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
- Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
- José Eduardo de Oliveira e Silva, padre católico que participou de uma reunião no Planalto sobre a trama golpista;
- Laercio Vergilio, coronel da reserva do Exército;
- Marcelo Bormevet, policial federal, um dos auxiliares mais próximos de Alexandre Ramagem na Abin;
- Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército que, como assessor de Jair Bolsonaro, cuidava da coleta de informações de inteligência para o então presidente;
- Mario Fernandes, general da reserva do Exército e ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidencia da República e apontado como autor do plano para matar Lula, Geraldo Alckmin;
- Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
- Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército;
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, influenciador digital, neto de João Figueiredo, presidente do Brasil na ditadura;
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, general, ex-comandante do Exército;
- Rafael Martins de Oliveira, major, ligado ao Comando de Operações Especiais do Exército;
- Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel do Exército;
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército;
- Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro, ligado ao Gabinete do Ódio;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Jair Bolsonaro;
- Walter Souza Braga Netto, general do Exército, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
- Wladimir Matos Soares, policial federal, também apontado como participante do plano para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.

O relatório final a PF foi apresentado ao ministro Alexandre de Moraes, que em seguida deve encaminhá-lo ao procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco. A partir das informações, Gonet vai decidir se apresenta uma denúncia formal ao STF contra os envolvidos.

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