O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou nesta quarta-feira, 19, que a conversa que teve com o presidente Lula durante jantar na segunda-feira foi “amistosa, franca e esclarecedora”, marcada pela transparência entre os dois. Segundo ele, ambos reafirmaram posições já conhecidas: Lula sinalizou sua escolha para a vaga aberta no STF e reiterou o desejo de vê-lo candidato ao governo de Minas, enquanto Pacheco reforçou que não pretende disputar as eleições e deve encerrar a vida pública ao fim do mandato no Senado.

As declarações de Pacheco foram em entrevista coletiva, depois de sua participação em um painel sobre o novo Código Civil, em um centro de convenções em Brasília. Em tom sereno, como de costume, o senador disse que a decisão de não concorrer ao governo de Minas é uma reflexão antiga, amadurecida desde que deixou a presidência do Senado. Ele afirmou que sempre tratou sua trajetória política como um ciclo — com data de entrada e de saída — e que esse encerramento já estava planejado. Mesmo reconhecendo a honra de ser cotado para se candidatar ao cargo, reforçou que sua intenção é concluir o mandato e se retirar da política.

O senador também afastou qualquer ruído entre o Executivo e o Senado após o cancelamento da sessão da CAE, marcada para terça. Disse que a semana foi “prejudicada” pelo feriado e que o funcionamento remoto afetou o quórum das comissões. “Não creio que tenha nada a ver com qualquer tipo de problema com o Executivo”, afirmou.

Ao comentar a necessidade de compartilhar sua decisão final com aliados, Pacheco ressaltou que prefeitos, deputados estaduais e federais que o acompanharam na trajetória política devem participar do processo. Ele afirmou que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), sempre soube de sua intenção e respeita sua escolha, reconhecendo o ciclo de quatro anos de comando do Congresso e o papel desempenhado em pautas como a defesa da democracia, a pandemia, a reforma tributária e a negociação da dívida dos estados.

Pacheco também confirmou que Lula conversou sobre a indicação ao STF e que já tomou uma decisão, a ser anunciada em breve. Ele disse que vai permanecer no Senado “um ano e dois meses” para ajudar nas pautas do país e evitou comentar cenários hipotéticos sobre articulação para aprovar o nome escolhido por Lula. “Vamos aguardar a indicação”, afirmou.

PL Antifacção
Pacheco classificou como “importante” o marco legislativo aprovado pela Câmara para enfrentar o crime organizado, mas disse que o Senado fará um exame cuidadoso do texto. Ele defendeu que o combate às facções precisa ser eficiente sem recorrer a dispositivos inconstitucionais e alertou que criminalidade organizada e terrorismo não podem ser equiparados para não enfraquecer nenhum dos conceitos.