Deputados da oposição aproveitaram o recesso parlamentar para se reunir em Brasília em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e disparar críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal). Nesta segunda-feira, 21, os parlamentares prometeram protestos nas ruas e miraram também no governo Lula, responsabilizando-o pelas tarifas anunciadas por Donald Trump. 

Ao PlatôBR, logo após a reunião, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) rejeitou o discurso de que a crise com a Casa Branca tenha relação com Bolsonaro. Segundo ele, é “burrice” atribuir ao ex-presidente as tarifas impostas pelos Estados Unidos. O parlamentar acusou o Centrão de omissão por não apoiar a cruzada bolsonarista contra o STF. “O que o Centrão vai fazer quando a economia piorar? É questão de eles pararem de serem sem-vergonha”, afirmou.

Para Bilynskyj, que preside a Comissão de Segurança Pública da Câmara, as restrições impostas por Alexandre de Moraes configuram uma “prisão material” de Bolsonaro, além de “censura absoluta”. Eis os principais trechos da entrevista:

Donald Trump cita Jair Bolsonaro diversas vezes na carta, e tem toda uma movimentação apontando que a economia do país está sendo colocada em risco por causa de uma pessoa. Como o senhor vê isso?
Primeiro, o Trump está impondo tarifas econômicas contra países desde o início do mandato dele. E qual é o objetivo dessas tarifas? Ele impõe a tarifa, mostra para o país: ‘olha, nossa relação econômica está incorreta, sente e vamos negociar’. E aí o país senta, negocia e segue todo mundo feliz, certo? Você já viu ele impondo tarifas a outros países. Agora ele impôs tarifas contra o Brasil pelo que o Brasil vem fazendo na administração Lula, relacionamento com Hamas, relação com o Hezbollah, relação com o Irã, relação com outros grupos terroristas, negar que as organizações criminosas brasileiras são terroristas, todas as agressões diretas do Lula ao presidente Trump, chamando ele, inclusive, de Hitler. Então, falar que isso é culpa do Jair Bolsonaro é burrice. A honestidade intelectual demanda afirmar que as tarifas econômicas estão sendo impostas contra o Brasil pelas decisões que o Lula tomou.

Qual estratégia foi discutida na reunião para que Bolsonaro não se desarticule politicamente?
A liberdade de expressão é um valor absoluto na democracia. A partir do momento que uma pessoa não pode se manifestar ou não pode manifestar certas opiniões, você tem grandes problemas. E é exatamente isso que está acontecendo com o nosso presidente Jair Bolsonaro agora. Qual é a natureza da ordem do Alexandre de Moraes? A ordem é de censura absoluta. Ele não está preso. Ele não pode falar, ele não pode se comunicar com muitas pessoas, ele não pode frequentar certos lugares, ele não pode voltar para casa depois das 19 horas, mas ele não está preso. Qual é a diferença entre isso e a prisão? Entende? Então, o que o Moraes está fazendo é uma prisão prisão do ponto de vista material e não formal. Ele tem medo de prender o Jair Bolsonaro. Se ele tivesse coragem, ele teria prendido. Como não tem, faz tudo menos prender.

E como vocês vão fazer isso de forma prática?
Enquanto ele (Bolsonaro) pode participar de reunião, enquanto ele pode estar presente com os deputados, enquanto ele puder conversar, ele vai continuar liderando esse movimento.

Mesmo com essas restrições, o PL segue considerando Jair Bolsonaro o nome para 2026?
Óbvio. Não há conversas. E quem está falando o contrário é mal-intencionado.

O senhor vê risco do PL ficar isolado politicamente, já que outros partidos têm evitado se envolver diretamente? 
O que o Centrão vai fazer na hora que a economia piorar muito? O que o Centrão vai fazer a hora que as pessoas falarem ‘chega’? O Centrão vai dizer assim ‘ah, não, a gente não se envolve com isso daí’, ou eles vão tomar partido? É questão de tempo. Questão de eles pararem de ser sem-vergonha. O que eles estão sendo é sem-vergonha. Se você está olhando para o país e você não está fazendo nada, você é sem-vergonha.