Relator da chamada PEC das Prerrogativas — proposta que buscava ampliar a proteção de parlamentares contra decisões judiciais, mas que perdeu força após resistências internas —, o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) voltou a ganhar destaque nos bastidores ao ser apontado como um dos nomes cotados para relatar o projeto da anistia para os envolvidos no 8 de Janeiro.
Na Câmara, Lafayette tem fama de parlamentar técnico e é frequentemente escalado para relatar projetos sobre temas sensíveis. Foi responsável, por exemplo, por relatórios como o do anteprojeto do Código Brasileiro de Energia, além de propostas sobre direito digital e inteligência artificial. Atualmente, o parlamentar preside a Comissão de Desenvolvimento Econômico e integra colegiados estratégicos como a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e a Comissão de Minas e Energia.
Pró-anistia
Nos últimos meses, o deputado mineiro ganhou visibilidade por declarações a respeito de assuntos que costumam gerar grande divergência no Congresso – incluindo a própria anistia. Em reunião da CCJ em setembro de 2024, defendeu de forma aberta o perdão para os bolsonaristas envolvidos nos atos golpistas, classificando a anistia como “necessária”. Também votou contra o aumento do IOF, em linha com seu discurso crítico à carga tributária. Também na CCJ, saiu em defesa do deputado bolsonarista Alexandre Ramagem (PL-RJ), um dos réus do julgamento da trama golpista em curso no STF (Supremo Tribunal Federal), argumentando que a imunidade parlamentar prevista na Constituição precisa ser respeitada.
No campo econômico, Lafayette de Andrada protagonizou a convocação do vice-presidente Geraldo Alckmin para explicar o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros. Em votações recentes, apoiou o agora ex-deputado Chiquinho Brazão, acusado de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco, na votação em que os parlamentares tiveram de decidir se validavam ou não sua prisão preventiva.
Além de presidir a Comissão de Desenvolvimento Econômico, o deputado é vice-líder do bloco parlamentar formado por MDB, PSD, Republicanos e Podemos. Antes de chegar à Câmara em 2019, ele fez carreira na política local em Minas Gerais. Foi vereador em Juiz de Fora e deputado estadual. Também disputou, sem sucesso, as prefeituras de Juiz de Fora (2016) e de Belo Horizonte (2020). Em 2022, foi reeleito deputado federal com pouco mais de 68 mil votos.
Herança política
Advogado, Lafayette de Andrada é doutorando em Direito pela Universidad Nacional de Lomas de Zamora, na Argentina, e chegou a cursar Agronomia na Universidade Federal de Lavras. Antes de se dedicar integralmente à política, foi técnico do Ibama.
A trajetória do deputado também é marcada pela herança familiar. Ele é filho do ex-deputado Bonifácio de Andrada, que exerceu onze mandatos consecutivos na Câmara, morto em 2021, e é descendente de um personagem conhecido dos livros de História do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, considerado o “Patriarca da Independência”.