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Duelo eleitoral nos EUA é prévia de 2026 no Brasil, veem analistas

Ao declarar preferência por Kamala, Lula repete a estratégia bolsonarista e espelha por aqui a corrida eleitoral nos Estados Unidos

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O governo Lula e o PT começaram a disputar a reeleição neste ano, com a disputa à presidência dos Estados Unidos entre Kamala Harris e Donald Trump. Na avaliação do professor Guilherme Casarões, da Fundação Getúlio Vargas, a disputa lá deverá influenciar o clima das eleições daqui, em 2026. “Foi o que aconteceu com a eleição americana de 2020 e a brasileira de 2022”, diz.

Vitorioso há quatro anos, o presidente Joe Biden preferia claramente a vitória de Lula, e os Estados Unidos chegaram a sinalizar nos bastidores que não aceitariam aventuras golpistas dos bolsonaristas. A ascensão de Jair Bolsonaro em 2018, por sua vez, veio depois da vitória de Trump dois anos antes.

Casarões aponta ainda a semelhança das estratégias da extrema direita aqui e lá, inclusive com os mesmos ataques às urnas e as mesmas tentativas de desacreditar o processo eleitoral como um todo. “A situação desemboca no 8 de janeiro aqui no Brasil, que é uma cópia do 6 de janeiro lá”, afirma.

O quadro indica, ainda, o que está por vir no cenário brasileiro. Casarões acredita que as contestações sofridas por Biden em razão da idade devem se repetir por aqui nos próximos dois anos. O presidente americano, que desistiu da campanha à reeleição depois da participação desastrosa em um debate, tem atualmente 81 anos, mesma idade que Lula terá em 2026. Trump é um pouco mais novo -- tem 78 anos.

Além da expectativa de tensão com a China, Casarões acredita que a Argentina será um foco de tensão na relação entre Brasil e Estados Unidos com Trump de volta. “Trump sempre faz uma política muito pessoal e o diálogo dele com Javier Milei pode ajudar a implodir o Mercosul”, aposta o professor. Os bolsonaristas também usarão a relação com o republicano para que a Casa Branca pressione por uma anistia ao ex-presidente, que está inelegível.

Para Flávia Araújo, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), um governo Trump tende a ter pouca preocupação com a América Latina, como ocorreu na gestão anterior dele. Outra preocupação é com o aumento do protecionismo. “Pode haver uma nova taxação no alumínio e no aço, como houve anteriormente”, diz. O Brasil foi afetado na época, mesmo com a boa relação entre o então presidente americano e Jair Bolsonaro.

A professora destaca que o republicano costuma provocar os presidentes que não são da mesma corrente ideológica que ele. “A gente precisa ver como vai ser a reação do Lula”, diz.

Euzébio Sousa, também da Fespsp, lembra que Donald Trump tem acenado com aumento da taxação dos produtos importados, o que poderia afetar o Brasil. O republicano também fala em retaliar países que fizerem transações econômicas driblando o dólar. “Isso afeta o Brasil diretamente por conta das movimentações dos Brics (o grupo de países que reúne, entre outros, Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul) em torno do uso de outras moedas em relações internacionais”, diz.

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