Na semana que antecede o julgamento de Jair Bolsonaro, marcado para 2 de setembro, aumenta a apreensão nos três poderes da República com a segurança e a normalidade do funcionamento das instituições. Os maiores focos de tensão estão nas disputas no Congresso, na agitação das redes sociais, nas pressões dos Estados Unidos e dentro do próprio STF.
No Congresso, existe preocupação em relação à atuação da bancada bolsonarista, que no início ocupou as mesas diretoras e conturbaram os trabalhos na volta do recesso. As cúpulas da Câmara e do Senado temem a repetição de ações semelhantes, que conturbem a rotina do Parlamento.
Aliados de Bolsonaro, como o pastor Silas Malafaia e o empresário Paulo Figueiredo, e seu filho Eduardo usam as redes sociais para manter os seguidores engajados contra o Supremo. Malafaia tenta mobilizar a população evangélica. O clima é de confronto com o Judiciário.
Nos Estados Unidos, Figueiredo e Eduardo ameaçam o Brasil com novas sanções do governo Trump com o objetivo de interromper o julgamento de Bolsonaro. Apesar dos ataques externos, não há previsão de alteração no calendário do Supremo. A única hipótese para o adiamento da decisão seria um dos ministros da Primeira Turma pedir vista do processo.
Nesse ambiente conturbado, o STF finaliza os preparativos para o início das sessões que vão decidir o futuro do ex-presidente e dos demais acusados de tentativa de golpe de Estado na última transição de governo. Em outra frente, o Supremo avalia a defesa apresentada por Bolsonaro na investigação sobre coação contra autoridades brasileiras no processo que será julgado a partir da semana que vem. Nesse caso, o tribunal pode agravar as medidas restritivas aplicada ao ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar.
No Congresso, o embate será na CPI do INSS e na votação do Imposto de Renda
O relator da CPI Mista do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), deve apresentar na quinta-feira, 28, o plano de trabalho do colegiado. A vitória derrota do governo na escolha do comando da comissão deu à oposição um palanque de grande repercussão política neste semestre. Os embates vão acontecer, em grande parte, nas votações sobre os convocados para depor.
Para a oposição, o principal alvo é Frei Chico, irmão de Lula e vice-presidente de uma das entidades acusadas de irregularidades com aposentadorias e pensões. O governo tenta reorganizar os representantes da base aliada na CPI para evitar novas derrotas de surpresa.
Na Câmara, as atenções estarão voltadas principalmente para a votação do projeto de lei que isenta de Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil por mês. A proposta teve o regime de urgência aprovado na semana passada. Esse é o projeto mais importante para o governo em 2025 e a oposição deve se mobilizar para tentar evitar a aprovação. Pela importância do tema para o Planalto, esse é um dos assuntos com maior potencial para provocar disputas mais acirradas esta semana.
Decisão de Dino sobre emendas repercute no Congresso
Outro fator que vai contribuir para a temperatura elevada na política é a decisão do ministro do STF Flávio Dino de mandar a Polícia Federal abrir inquéritos para apurar 964 planos de trabalho de emendas parlamentares individuais. Segundo o despacho do ministro, esses procedimentos não foram devidamente cadastrados no sistema oficial do governo.
Os processos relacionados a emendas parlamentares são um dos assuntos que mais causam atritos entre o Congresso e o Supremo. Em uma semana de grande nervosismo, principalmente por causa do julgamento de Bolsonaro, a abertura desses inquéritos vai causar mais inquietação entre deputados e senadores.
Alckmin vai ao México para aumentar comércio bilateral
Nesta terça-feira, 26, o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, embarca para viagem oficial ao México. O objetivo da visita é fortalecer o comércio bilateral, movimento impulsionado pelas sanções impostas pelo governo Trump aos dois países. O México é o sexto maior mercado para as exportações brasileiras.