Representantes do Brasil e dos Estados Unidos começam a cumprir esta semana o cronograma de reuniões para as negociações sobre a revisão do tarifaço. O encontro na Malásia entre Lula e Donald Trump no domingo, 26, destravou as conversas diplomáticas e comerciais dos dois países. Os resultados concretos da reaproximação vão depender do desenrolar das conversas técnicas encaminhadas pelos dois governos.
Lula tem a expectativa de que um acordo sobre o fim do tarifaço seja feito em “poucos dias”, segundo disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 27. Antes de deixar a Malásia, Trump elogiou a reunião com o presidente brasileiro, mas deixou em dúvida se haverá entendimento. “Vamos ver”, disse o americano.
No Brasil, o encontro entre Lula e Trump repercute positivamente no setor produtivo e tem também consequências políticas. O ambiente amigável da conversa em Kuala Lumpur enfraquece, pelo menos no primeiro momento, as pressões dos aliados de Jair Bolsonaro sobre o Congresso e o STF pela reversão da condenação do ex-presidente.
Embora tenha feito referências elogiosas a Bolsonaro em uma entrevista ao lado de Lula, Trump não estabeleceu qualquer relação entre as negociações das tarifas e o processo da trama golpista. Também para jornalistas, o petista afirmou que o americano sabe que o ex-presidente “faz parte do passado”.
O esforço concentrado convocado por Hugo Motta
A menos de dois meses do fim do ano, o governo ainda não tem soluções para fechar as contas de 2025 e equilibrar o orçamento de 2026. O Planalto negocia com o Congresso nesta semana a aprovação de propostas que cubram as receitas previstas na MP 1303, derrubada pela Câmara. O encaminhamento da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) do ano que vem depende da definição desses recursos.
Para obter as receitas, a equipe econômica espera contar com o esforço concentrado prometido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) para votar os projetos que tratam dos “devedores contumazes” e da revisão de incentivos fiscais.
Sem votos para aprovar suas propostas, o governo busca apoio de setores do Centrão que não estejam automaticamente alinhados com a oposição. As conversas incluem a revisão de demissões de ocupantes de cargos federais indicados por partidos que não votaram a favor da MP 1303.
Continua expectativa sobre indicação para o STF
Com a volta de Lula da Ásia, a expectativa em Brasília é que a indicação do substituto do ministro Luís Roberto Barroso no STF aconteça nesta semana. O presidente disse, antes de embarcar para a viagem, que pretende conversar com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) antes de anunciar a decisão.
O favorito para a vaga é o advogado-geral da União, Jorge Messias, mas Pacheco também é candidato e tem apoio do presidente do Supremo, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e de uma ala do STF. Messias é o nome preferido de parte do PT e de segmentos dos evangélicos.
Termina prazo das defesas de Bolsonaro
Nesta segunda-feira, 27, termina o prazo para recursos das defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos demais condenados do “núcleo” da trama golpista. Os embargos de declaração, quando julgados, podem afastar pontos obscuros da decisão, mas não mudam a pena de Bolsonaro. Outros recursos, embargos infringentes, com prazo de quinze dias, podem alterar os anos de punição.
