O ministro Edson Fachin assume a presidência do STF nesta segunda-feira, 29, com expectativa de um mandato discreto na relação com a mídia e contido nos confrontos com outros poderes. Ele tem como uma das primeiras missões concluir as decisões sobre os recursos de Jair Bolsonaro e completar o julgamento dos réus da trama golpista.
Outro desafio para o novo comandante do Supremo será conduzir a crise com o governo Donald Trump, provocada pela aplicação da Lei Magnitsky contra ministros do Supremo. O próprio Fachin teve o visto de entrada nos Estados Unidos revogado em julho.
Na vice-presidência, toma posse o ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre a tentativa de golpe de Estado na última sucessão no Planalto. Pela repercussão dos casos sob sua responsabilidade, Moraes tende a aparecer mais para o público do que o reservado Fachin.
A cerimônia de transmissão de cargo no STF terá as presenças dos demais chefes de poder: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, David Alcolumbre.
Sucessão: Tarcísio encontra Bolsonaro
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visita nesta segunda-feira, 29, o ex-presidente Bolsonaro para discutir a sucessão presidencial. A conversa entre os dois pode ajudar na definição das candidaturas no campo da direita ao Planalto em 2026.
Aliados de Tarcísio esperam algum sinal sobre a posição que Bolsonaro tomará em relação à sucessão. Como o ex-presidente está inelegível, seu apoio é considerado determinante para a definição dos candidatos da oposição no ano que vem. A um ano da eleição, o governador é um dos nomes mais bem posicionados nas pesquisas, preferido do Centrão e com boa aceitação na direita.
Mesmo impedido de se candidatar em 2026, Bolsonaro mantém a posição de que vai disputar a sucessão de Lula. Com a aproximação da data da eleição, seus aliados pressionam por uma decisão definitiva para avançarem nas negociações de alianças nacionais e regionais.
Se Bolsonaro indicar a intenção de apostar em Tarcísio, haverá menos espaço para outros postulantes ao Planalto, como os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás. Caso o ex-presidente permaneça com o discurso de que vai concorrer, o cenário eleitoral seguirá conturbado para a direita nas próximas semanas.
Isenção do Imposto de Renda na pauta da Câmara
Os líderes dos partidos na Câmara pautaram para a quarta-feira, 1º, o projeto que isenta de Imposto de Renda as pessoas que ganham até R$ 5 mil por mês. Depois de sucessivos adiamentos, Hugo Motta e o relator da proposta, Arthur Lira (PP-AL), prometem levar o texto ao plenário.
Se for confirmada, a votação da isenção do IR acontecerá depois da desgastante aprovação pela Câmara da “PEC da Blindagem”, logo arquivada pelo Senado. Pressionado pelo Planalto e pelas manifestações do domingo, 21, Motta tenta distensionar o ambiente político com o avanço do projeto do Imposto de Renda.
A oposição trabalha para aprovar o projeto que anistia os condenados pela tentativa de golpe de Estado. O relator da proposta, deputado Paulinho da Força (SD-SP), ainda negocia um texto que preveja redução das penas e que tenha maioria no plenário. Essa votação ainda não tem data marcada.
Sabino participa com Lula de inauguração de obras da COP30
Situação curiosa vive o ministro Celso Sabino (Turismo), que entregou a carta de demissão na sexta-feira, 26, mas continua no governo pelo menos até quinta-feira, 2. Pressionado a deixar o cargo pelo seu partido, o União Brasil, Sabino resiste a desembarcar do governo e adia sua saída por pelo menos duas semanas desde o prazo final fixado pela legenda.
Na quinta, ele acompanhará o presidente Lula em uma agenda de inauguração de obras da COP30, a conferência do clima da ONU, que acontecerá em novembro em Belém. Sabino quer disputar o Senado pelo Pará em 2026 e a permanência no cargo lhe dá visibilidade junto aos eleitores.