O escândalo dos descontos não autorizados em aposentadorias e pensões ganhou prioridade na agenda do Legislativo. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou pelas redes sociais que pautará esta semana a urgência de projetos sobre combate a fraudes no INSS. Uma das propostas em análise proíbe os descontos em benefícios da previdência social.
Em outra frente, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), continua esta semana as negociações para a instalação da CPMI proposta pela oposição para investigar as fraudes no INSS. A tendência é que a leitura para a criação do colegiado seja feita na próxima semana.
Sem conseguir segurar a instalação da CPMI, o governo trabalha para ocupar os principais cargos da comissão e, assim, ter controle sobre o relatório final. A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) é cotada para relatora. A estratégia do Planalto é tentar mostrar que as irregularidades começaram nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
Na prática, se de fato for criada, a CPMI será palco para o enfrentamento político entre governo e oposição, um ensaio para a campanha eleitoral de 2026. As investigações, propriamente ditas, estão sendo tocadas pela Polícia Federal e pela (CGU) Controladoria-Geral da União.
Governo tenta reduzir impactos da gripe aviária nas exportações
O surgimento de um foco de gripe aviária em Montenegro (RS) na semana passada provocou a suspensão das exportações de frango para nove destinos do produto. Como primeiras ações, o governo isolou a área onde a doença foi descoberta e rastreia animais distribuídos para outras regiões.
O ministro Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) negocia com os países compradores para que a suspensão seja mantida apenas para a região do foco da gripe aviária e, assim, reduzir o impacto para a balança comercial do país. Para a China, por exemplo, a suspensão vale para 60 dias, mas o governo brasileiro pretende apresentar soluções sanitárias que permitam a diminuição desse prazo.
Para a economia interna, a crise na avicultura pode ter um efeito positivo: com problemas nas exportações, a carne de frango pode ficar mais barata no Brasil, o que contribuiria para o controle da inflação dos alimentos.
Ministros comparecem ao Congresso; Haddad fala de Imposto de Renda na Câmara
O Congresso terá uma semana cheia de depoimentos de ministros do governo. Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Renan Filho (Transportes) vão a comissões no Senado. Na Câmara, o depoimento aguardado com mais expectativa é o de Fernando Haddad (Fazenda), que estará na quarta-feira, 21, na Comissão de Finanças e Tributação, para falar sobre Imposto de Renda e outro assuntos de economia, como a questão fiscal e as fraudes no INSS. Também estarão na Câmara os ministros Camilo Santana (Educação), Anielle Franco (Igualdade Racial), André Fufuca (Esporte), e Fernando Haddad (Fazenda).
Vazamento de fala de Janja na China deixa mal-estar no Planalto
A comitiva do presidente Lula voltou da viagem à Rússia e à China com uma pendência: o vazamento da conversa com o presidente Xi Jinping. Mais do que o conteúdo da fala da primeira dama Janja, relacionada à plataforma TikTok, o que mais deixou sequelas no Planalto foi o fato de alguém presente no jantar ter passado informações para a imprensa.
Do ponto de vista de Lula, foi uma traição. Nesse tipo de recepção, fica implícito que as conversas são reservadas, até por respeito ao anfitrião. O vazamento fomentou o ambiente de desavenças no círculo mais próximo do presidente. De acordo com a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o ministro Rui Costa (Casa Civil) é apontado no Palácio como suspeito da inconfidência.
Por envolver o núcleo mais próximo a Lula, esse tipo intriga tem potencial para interferir no funcionamento do governo. Não há desfecho previsível para esse episódio.