Previsto para entrar em vigor na quarta-feira, 6, o aumento de tarifas determinado pelos Estados Unidos para produtos do Brasil está no centro das atenções do governo, do Congresso e do setor produtivo. Embora o anúncio feito pela Casa Branca na semana passada tenha excluído boa parte das exportações brasileiras, o impacto das medidas ainda afeta consideravelmente a economia nacional.

Para reduzir os prejuízos das empresas e conter efeitos negativos no mercado de trabalho, a equipe econômica prepara um pacote de medidas com linhas de crédito para os setores atingidos pelo tarifaço. Algumas propostas vão depender de aprovação do Congresso.

Ao mesmo tempo que prepara o socorro aos prejudicados pela taxação, o governo mantém a disposição de buscar saídas negociadas com os Estados Unidos. Embora sejam escassas as chances de novas exceções na lista de produtos com tarifação extra, o Planalto insiste no caminho da negociação com a Casa Branca.

Reuniões do Conselhão e do Consórcio Nordeste
Nesta terça-feira, 5, Lula discute o impacto das tarifas dos Estados Unidos em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, conhecido por Conselhão, formado por ministros, empresários e representantes de diferentes setores da sociedade e ligado à Secretaria de Relações Institucionais da Presidência. Os governadores integrantes do Consórcio Nordeste participam do encontro para debater soluções para as exportações da região. Uma das alternativas é a busca de novas rotas comerciais internacionais.

Alcolumbre e Motta se equilibram entre as pressões do governo e da oposição
O Congresso retoma os trabalhos esta semana depois do recesso com pautas que reforçam o confronto entre o governo e a oposição. Pressionados pelos dois lados, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), terão de se equilibrar entre os interesses do Planalto e as pretensões da oposição na escolha dos assuntos que terão prioridade.

Os primeiros embates devem ocorrer em torno das propostas de cassação dos mandatos dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli, defendida pelos governistas, e a aprovação da anistia para os condenados pela tentativa de golpe de Estado, projeto da oposição. Outro assunto ainda indefinido é a escolha do relator da CPI Mista do INSS. Nesse caso, a tendência é que Motta escolha um nome do Centrão.

Haddad fala sobre compensações ao aumento do IOF
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) comparece na quarta-feira, 6, à comissão mista que analisa a medida provisória 1303, que aumenta a taxação de uma série de aplicações financeiras, editada pelo governo para compensar o recuo na taxação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Esse é um dos assuntos mais áridos para o governo no Congresso.

Com uma série de temas espinhosos para o governo em tramitação no Congresso, a presença de Haddad no Congresso deve provocar novos debates acalorados com a oposição. À medida que a eleição de 2026 se aproxima, aumenta a polarização política no país.