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Efeito bomba: a blindagem do STF para julgar a denúncia sobre a trama golpista

Tribunal reforça segurança física e cibernética para se proteger de ameaças recebidas nos últimos dias

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O STF montou um esquema reforçado de segurança para se preparar para o julgamento da denúncia contra Jair Bolsonaro e outras sete pessoas acusadas de tramar um golpe de Estado. A intenção dessa mudança nos procedimentos é evitar que ameaças recebidas pela Corte nos últimos dias se concretizem.

Antes mesmo da intensificação das ameaças, os ministros ficaram em estado de alerta depois que, em novembro do ano passado, um homem usou explosivos para atacar o prédio do STF. O atentado resultou na morte do próprio autor do crime. No fim de fevereiro, outro homem foi preso por tentar invadir a sede do Supremo.

O investimento na segurança do Supremo vem crescendo desde 2018, quando Bolsonaro, então candidato a presidente da República, começou a subir o tom das críticas ao tribunal. Os ataques à Corte aumentaram gradativamente e, em 8 de janeiro de 2023, uma multidão invadiu as sedes dos Três Poderes como parte da trama golpista.

Com a tentativa de golpe em julgamento a partir da próxima terça-feira (25), o STF teme que haja novos atentados ao tribunal e seus integrantes. Na última semana, aumentou o número de ameaças recebidas pelo Supremo, por telefone, e-mails e redes sociais. Isso também motivou o aperfeiçoamento da segurança cibernética do tribunal.

Em nota divulgada na quinta-feira, 20, o STF informou que a segurança para o julgamento “foi planejada com base em análise de risco e no cenário atual”. O texto também comunica que a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e outros órgãos foram acionados para auxiliar a equipe que protege o Supremo.

“Entre as ações estão maior controle de acesso, monitoramento do ambiente, policiamento reforçado e equipes de pronta resposta para emergências”, diz a nota. Nos últimos dias, policiais e agentes de segurança do Supremo fizeram inspeções periódicas no tribunal e nos arredores.

No início do ano, o STF enviou ao Palácio do Planalto um pedido de edição de medida provisória com crédito extraordinário para financiar a contratação de 40 seguranças para atuarem diretamente na proteção de ministros da Corte, como informou a coluna.

O documento também solicitava a compra de equipamentos de segurança para o tribunal. O investimento total previsto era de R$ 27,4 milhões. Não houve resposta do governo.

Entre 2014 e 2023, o investimento do STF em segurança aumentou 64%, segundo dados do próprio tribunal. Os gastos tiveram incremento a partir de 2018.

O tribunal realizou, no início do ano, uma licitação no valor de R$ 83,9 milhões para contratar uma empresa privada com o objetivo de reforçar a segurança dos ministros, que também é feita por agentes do tribunal. O valor será gasto ao longo de dois anos.

A coluna também informou que a página do STF na internet sofreu um ataque hacker no início de março. Por meio de robôs, foram simulados 5 milhões de acessos ao mesmo tempo, com o objetivo de derrubar o site. O método consiste em sobrecarregar o sistema de informática para ele sair do ar. Os hackers não atingiram o objetivo.

Nos últimos anos, com a crescente onda de ataques ao STF e a ministros do tribunal, houve aperfeiçoamento da segurança na Corte - inclusive a cibernética. Há atualização periódica no sistema do site, para evitar que esse tipo de ataque tenha resultado.

No ano passado, em um dos ataques hackers, o site do STF ficou fora do ar por dez minutos, mas não houve invasão do sistema. O dado mais recente disponibilizado pelo tribunal é de 2021, quando houve 2,5 milhões de tentativas de derrubar o site. Desde então, os ataques aumentam a cada ano.

A investida mais recente de hackers foi feita em 4 de março. No mesmo dia, houve ataques cibernéticos também a páginas do STJ (Superior Tribunal de Justiça), do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região e da Petrobras. Foi utilizada a mesma metodologia de sobrecarregar os sites com acessos simultâneos.

Fontes do Supremo avaliam que, no julgamento da denúncia sobre o golpe, é provável que haja novas tentativas de ataques físicos e cibernéticos contra o tribunal. O desafio é fazer com que o julgamento, que tem potencial para acirrar os ânimos de defensores de Bolsonaro, não resulte em mais um episódio de violência.

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