KUALA LUMPUR – A presença do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, na comitiva que Lula levou à Ásia chamou atenção por um hábito conhecido do presidente: o de chamar para perto de si, nas viagens, figuras com as quais ele deseja azeitar a relação — ou quem ele precisa simplesmente convencer de algo.
As viagens ao exterior, com tempo para horas a fio de conversas informais a bordo do avião presidencial, são uma ótima oportunidade para isso. Sem falar que permitem uma massagem extra no ego dos convidados, uma vez que os integrantes da comitiva acompanham o presidente nas reuniões e nas pomposas recepções oferecidas pelos governos anfitriões.
Quando esteve no Japão e no Vietnã, Lula estava num momento em que precisava — como sempre, aliás — azeitar a relação com as duas casas do Congresso. Funcionou. Os três conversaram longamente.
Em Hanói, Lula aproveitou para afagar Motta e Alcolumbre dividindo com eles, em um vídeo produzido para as redes sociais, os louros de um acordo para destravar as exportações de carne para o Vietnã.
De Gabriel Galípolo, como já declarou publicamente, Lula quer a redução da taxa de juros daqui até o ano que vem.
Assim como os ministros que acompanharam o presidente à Ásia, o chefe do BC viajou na cabine do presidente. Na ida, o clima foi de descontração e de muita conversa. Quem estava lá confirmou ao PlatôBR que não faltaram brincadeiras com Galípolo sobre os juros altos.
“Falamos sobre isso, mas só piadas. Foi em tom de brincadeira mesmo”, disse um ministro, sob reserva.
Ainda em Jacarta, perguntado pelo PlatôBR se conversou muito com Lula durante o périplo aéreo até a Ásia, Galípolo disse que sim. “São muitas horas de viagem…”, disse, antes de seguir para uma festa em homenagem a Lula vestindo uma camisa estampada com batik, arte típica da Indonésia. Ele negou, porém, que tenha ouvido um pedido explícito do presidente da República para o BC reduzir a Selic.
