O empresário baiano Lucas Queiroz Abud é alvo de uma ação na Justiça Federal dos Estados Unidos, movida por uma empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal. Abud é acusado na Corte Federal do Sul da Flórida de ter usado empresas registradas também nas Ilhas Virgens para se apropriar de uma lancha de luxo avaliada em US$ 4,7 milhões, cerca de R$ 27 milhões (foto acima). O empresário nega irregularidades.
A ação foi movida pela Malvor International Ltd., que acusa Abud de ter transferido, de forma unilateral e ilegal, a titularidade da lancha “Business stinks” para uma suposta empresa de fachada controlada por ele mesmo, a Roxia Ltd.. A transferência teria apagado a participação da Malvor na sociedade que detinha a embarcação, um modelo Merritt 2004 de 72 pés. O nome da lancha é o mesmo usado por Abud em redes sociais e competições de pesca internacional.
No processo, a Malvor sustenta que Abud, na condição de único diretor da CMAX Holdings, aproveitou-se do cargo para fraudar registros e transferir 100% da propriedade da lancha à Roxia, também sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, sem consentimento ou compensação financeira ao sócio.
O processo afirma que o empresário utilizou uma rede de offshores para ocultar operações financeiras e mascarar o controle efetivo dos bens, dificultando o rastreamento de ativos. A Malvor pediu a apreensão imediata da lancha, que está na Flórida, e a restituição de 50% da propriedade, além de responsabilização por eventuais perdas e danos.
Mesmo em meio à disputa judicial, a embarcação chegou a ser anunciada em sites norte-americanos com preço de US$ 4,785 milhões. Segundo os advogados da Malvor, a iniciativa representaria “ato de má-fé” para tentar alienar o ativo enquanto o processo está em curso.
A ação amplia o histórico de conflitos de Lucas Abud. Protagonista de um divórcio ruidoso, como mostrou a coluna, o empresário está em meio a outro litígio milionário, contra o irmão Gabriel Abud. O caso, semelhante ao da lancha, envolve o iate Big Aron, avaliado em R$ 26 milhões. Gabriel acusou Lucas de tentar vender a embarcação sem autorização. O empresário também é acusado de se apropriar indevidamente de uma BMW de R$ 500 mil, que também pertenceria ao irmão.
Em nota enviada à coluna, o porta-voz de Lucas Abud afirmou que o caso “trata-se de uma questão empresarial” e negou qualquer irregularidade.
“O senhor Lucas Abud informa que se trata de uma questão empresarial e que ele, ao contrário de figuras de destaque da Bahia, nunca praticou qualquer fraude processual.”
