Enquanto deputados aliados de Jair Bolsonaro rompem a folga do recesso no Congresso, batem ponto em Brasília e fazem atos contra o STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, se mantém distante do barulho. Ele não apareceu nas reuniões da oposição nesta terça-feira, 22, tampouco participou da entrevista coletiva que bolsonaristas organizaram na véspera. Valdemar também tem evitado participar da grita bolsonarista nas redes sociais.

Nos bastidores, para além da estratégia de não se envolver diretamente no confronto com o Supremo, o silêncio tem explicação. Valdemar deixou Brasília ainda na quinta-feira passada — antes do agravamento da crise com as medidas cautelares contra Bolsonaro — e seguiu para São Paulo, como costuma fazer nos fins de semana. Pessoas próximas dizem que ele foi aconselhado a não se expor, adotando uma estratégia de “baixo perfil” enquanto aliados fazem barulho em público.

Entre deputados do PL, o clima é de mobilização, com falas inflamadas e promessas de mobilizar as ruas a partir de agosto. Mas a cúpula do partido prefere evitar riscos e manter distância do embate direto com o STF. A avaliação é que o momento é de cautela, com investigações em andamento e receio de que o Judiciário avance sobre o entorno de Bolsonaro e sobre a própria legenda. Valdemar, como se sabe, já foi condenado pelo Supremo no mensalão e, mais recentemente, acabou sugado para dentro das investigações sobre os atos antidemocráticos. Logo após as eleições de 2022, as contas do PL chegaram a ser bloqueadas por ordem de Alexandre de Moraes, à época no comando no TSE.