Enquanto o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se prepara para uma reunião com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, nesta quinta-feira, 16, em Washington, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice Geraldo Alckmin redobram a aposta na Ásia para aumentar as exportações de produtos brasileiros. Mesmo antes do tarifaço de Donald Trump, o governo brasileiro já buscava abrir novos mercados para além da China e essa missão foi acelerada após a sobretaxação americana.

De olho nessas oportunidades, Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, está em viagem oficial na Índia, entre os dias 15 e 17 de outubro, para aumentar os acordos tarifários do Mercosul com o país mais populoso do mundo. O ministro da Defesa, José Múcio, integra a comitiva (foto em destaque).

O governo brasileiro também trabalha para aumentar a venda de proteínas, de aviões da Embraer e de combustíveis para os indianos. A ideia é estreitar as relações com a Índia para também atrair investimentos em data centers e buscar novos fornecedores de medicamentos genéricos e insumos médicos. A meta dos dois países é levar o comércio bilateral para US$ 20 bilhões até 2030. Em 2024, esse valor foi de US$ 12 bilhões. 

Nas primeiras reuniões na Índia, oficiais das Marinhas da Índia e do Brasil avaliam cooperar na manutenção dos submarinos franceses Scorpène, presentes nas esquadras de ambos os países. Também avançam as negociações  sobre o interesse da Índia em adquirir seis aeronaves E-145 da Embraer, para conversão em plataformas de alerta avançado e controle aéreo. 

Durante a viagem, a Embraer abriu um escritório regional em Nova Délhi. A empresa deseja vender a aeronave multimissão C-390 à Índia, inclusive com a perspectiva de coprodução com a empresa indiana Mahindra Systems.

Além da China e do Japão, Lula já visitou o Vietnã em 2025 e embarca na próxima semana para viagens oficiais à Indonésia, entre 23 e 24 de outubro, e à Malásia, onde participa da 46ª Cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), entre 26 a 28 outubro. A ideia é abrir novos mercados para os produtos brasileiros, como carne e aviões. 

Durante a cúpula da Asean, Lula pode se reunir com Trump. Essa possiblidade deve ser discutida na reunião entre Vieira e e Rubio nesta quinta.