Ex-diretora de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, a diretora-executiva do Conexsus, Fabíola Zerbini, rodou a Esplanada dos Ministérios nesta semana para tentar garantir R$ 10 bilhões do Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) para os microprodutores da Amazônia que, em esmagadora maioria, nunca tiveram acesso a um financiamento público. O Conexsus — Instituto de Conexões Sustentáveis atua no âmbito do Observatório das Economias da Sociobiodiversidade.
Foram procurados dirigentes e equipes técnicas da Fazenda, do Desenvolvimento Agrário e do Ministério da Agricultura para discutir os recursos que estão sendo orçados para o Plano Safra 2025-2026, que deve ser definido no próximo mês. A próxima reunião será no Ministério do Meio Ambiente para discutir a viabilidade do projeto, que não trata apenas dos recursos do Pronaf, mas de maneiras que possam torna-los mais acessíveis às famílias agricultoras sobretudo da Amazônia.
A campanha reúne um conjunto de propostas concretas para facilitar o acesso ao crédito rural por empreendimentos comunitários e familiares que atuam com produtos como açaí, castanha, cacau, babaçu e outros. Segundo o Conexsus, essas cadeias são estratégicas para a economia brasileira, além de fundamentais para o enfrentamento das mudanças climáticas, a conservação da biodiversidade e o fortalecimento dos territórios tradicionais.

Agricultores familiares em treinamento sobre manejo Foto: Divulgação
O Conexsus tem um programa de ativadores de crédito em que acompanha 4 mil famílias de agricultores individuais ou cooperados. Até o momento, conseguiu que mil dessas famílias recebessem o crédito rural. Em 99,9% dos casos, trata-se do primeiro acesso desses produtores a um financiamento. O volume de crédito foi de R$ 13 milhões.
Uma das áreas de atuação da entidade é na ilha de Marajó, no Pará, onde fica Melgaço, o município com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país. Ali, por meio do CrediAmbiental, de ativadores de crédito, já foram viabilizados mais de 400 contratos do Pronaf, numa média de R$ 4 mil por família. Elas realizam o manejo de mínimo impacto de açaizais nativos, com resultados concretos: em um hectare sem manejo, a produtividade média é de 1 tonelada de açaí; com manejo sustentável, essa mesma área pode chegar a 5 toneladas.