O conceituado jornal americano Washington Post abriu a edição desta semana com uma entrevista exclusiva com Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “O juiz que se recusa a ceder à vontade de Trump”, dizia a manchete. Dois dias depois, a agência Reuters – que distribui notícias mundo afora – também veiculou uma entrevista com o ministro responsável pelo processo que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro, em setembro.

As entrevistas de Moraes, raras nos últimos tempos, têm um objetivo certo: se contrapor à narrativa espalhada no exterior, e nos Estados Unidos em particular, e pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e aliados.

Moraes busca uma comunicação anti-Trump para replicar a versão “oficial” do relator dos processos, às vésperas do início do julgamento dos processos da tentativa de golpe.

No Post, Moraes declarou que “não há a menor possibilidade de recuar um milímetro sequer” por causa das sanções impostas pelos Estados Unidos. Foi uma resposta às investidas de Donald Trump, com restrições que o atingiram nas últimas semanas. Na Reuters, o ministro disse acreditar em um recuo de Trump em relação às medidas impostas contra ele e o Brasil.

A avaliação entre pessoas próximas é que as entrevistas concedidas por Moraes em seu próprio gabinete do STF têm sido positivas e vão ajudar a mudar a imagem que o clã Bolsonaro tenta construir sobre ele fora do Brasil. Novas “exclusivas” internacionais podem sair até o dia 2 de setembro, data em que a Primeira Turma dará início ao julgamento.

Na ponta oposta, Eduardo Bolsonaro reagiu à estratégia do ministro de falar à imprensa internacional. Ele acusou Moraes de usar as entrevistas para desafiar Trump.