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Equipe econômica entra 2025 de olho em 2026: o ano de Haddad, Tebet e Galípolo

Mesmo com dólar acima de R$ 6, ministro da Fazenda vira o ano como alternativa do PT para a Presidência, caso Lula não dispute a reeleição. Tebet corre por fora e Galípolo precisa garantir o futuro dos dois

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Por essa nem ele mesmo esperava. O ministro Fernando Haddad (Fazenda) ficou surpreso com o resultado de pesquisas de opinião mostrando, num dos meses mais tensos para ele em 2024, que parte da população o vê como sucessor de Lula. Foi um empurrãozinho quando a própria presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tratava de, internamente, cortar suas asas e direcionar seu voo para o Senado Federal. Além disso, ministro da Fazenda não é dos cargos mais populares, com exceção de Fernando Henrique Cardoso, que ascendeu nacionalmente com o Plano Real e se tornou presidente.

De olho em 2026 e, depois da lambança financeira e política neste final de ano, Haddad começa a preparar o investimento da Fazenda em 2025. Na lista está a reforma da renda, o projeto que prevê taxação dos mais ricos e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Medidas que podem alavancar popularidade em ano eleitoral e dar força a discursos como o de “correções de distorções históricas” e “taxação dos ricos em benefício de quem ganha menos”. Segundo Lula, a isenção do IR atingirá 70 milhões de pessoas — um público considerável para quem está de olho nas urnas.

No entanto, Haddad já entendeu que, para contabilizar isso como ganho político-eleitoral, ele precisa se consolidar, também, na outra ponta: como um nome comprometido com o crescimento sustentável, baseado nos pilares de equilíbrio das contas públicas, controle da inflação e geração de emprego e renda. E foi justamente aí que o molho desandou nessa virada de ano: a mistura de todos os ingredientes de uma única vez gerou mais problemas que ainda precisarão ser contornados em 2025.

Galípolo é uma peça importante para o ministro da Fazenda. Assumirá oficialmente o comando do Banco Central em janeiro com apoio público de Lula e declarações de que terá total autonomia para conduzir a política de juros como bem quiser. Na prática, o sucesso de Lula e de Haddad em 2026 dependem, em boa medida, do de Galípolo.

Além de precisar de uma agenda institucional própria, ele sentará na cadeira de presidente com atenção voltada totalmente para um único instrumento (taxa de juros) e um único objetivo (controle da inflação). Mas há toda uma agenda de modernização financeira e inovação que, em algum momento de 2025, precisará ser o foco. O PIX já está consolidado como meio de pagamento, mas há avanços a serem feitos, em especial no quesito segurança e rastreio de fraudes.

Antes mesmo de assumir o cargo, o novo presidente do BC vem se colocando internamente como um “consultor” do governo e dizendo que participa de reuniões muito mais para avaliar as repercussões que determinados movimentos podem ter do que para dizer o que e como deve ser feito. Essas discussões, dá a entender, ficam para os debates no BC. Lula respeita as opiniões de Galípolo, mas isso não o impediu de criticar o choque de de juros recente do BC, tratado como “irresponsabilidade”.

Fechando o trio da equipe econômica, Simone Tebet (Planejamento) é o patinho feio no lago do PT. A ministra que, segundo auxiliares e pessoas próximas, tem habilidades de estrategista, é o nome de maior referência nacional do MDB, segundo pesquisas internas. Aparece ao lado do ex-presidente Temer e do ex-deputado Ulisses Guimarães.

Ela, que já foi aconselhada a deixar o ministério, mantém-se estrategicamente numa pasta que, diante das limitações orçamentárias, ainda lhe rende negociações com outros ministros em torno da liberação de recursos para projetos já contratados. Além disso, de acordo com amigos, não descarta a hipótese de ser a vice da vez, caso Lula dispute a reeleição. Por isso, 2025 também será uma oportunidade para se posicionar dentro do governo. Os projetos da agenda econômica para o ano que vem podem ajudá-la.

Depois do estresse financeiro e da desarticulação política neste final de ano, em 2025, a equipe econômica precisará reformular a estratégia de encaminhamento, articulação e tramitação da proposta de reformulação da renda para poder, de fato, usar discursos como o que fala da tributação dos mais ricos em benefício dos mais pobres e conseguir alavancar o nome de Haddad perante os eleitores. Importante lembrar que o ano legislativo começará com novas lideranças assumindo o controle da Câmara e do Senado. A se confirmarem os acordos atuais, sairão Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, e entrarão Hugo Motta e David Alcolumbre; e o jogo de forças com o governo precisará ser refeito.

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