Mesmo que ainda exista dúvida sobre a viabilidade eleitoral da candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o PL deve começar a montar uma estrutura de campanha a partir de janeiro. Alguns pontos já foram definidos. Flávio buscará apresentar um “bolsonarismo light” para tentar maior diálogo com o centro.
Até o momento, o nome do senador como candidato não foi aceito por forças importantes da direita. Um exemplo é a UP (União Progressista), federação formada entre o União Brasil e o PP, que tem os olhos voltados para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Da mesma forma está o PSD, de Gilberto Kassab (SP), que também quer Tarcísio, mas tem como carta na manga o governador do Paraná, Ratinho Júnior.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcanti (RJ), em conversa com o PlatôBR, indicou que o partido está decidido a abraçar a candidatura de Flávio, embora ainda não tenha ocorrido uma conversa com o ex-presidente Jair Bolsonaro, pai do senador, que cumpre pena na Polícia Federal após ser condenado por tentativa de golpe de Estado.
“Nós ainda estamos sem comunicação com o ex-presidente e o que temos é a fala do senador com a indicação. Diante disso, estamos abraçando, fazendo as reuniões e começando a montar o time de comunicação”, disse o líder.
Apesar das dúvidas, a indicação feita por Bolsonaro e anunciada por Flávio serviu para acalmar o partido, atingido pelas condenações de vários de seus membros pela tentativa de golpe. Um dos integrantes antigos da legenda disse, sob reserva, que Flávio tem 50% de chances de ser o candidato e de passar para o segundo turno. “Ele terá que ter um discurso diferente do pai”, disse. “Ele precisa substituir o discurso extremado, que hoje está saturado, por um discurso de estadista. Só assim ele terá condições de crescer”, avaliou.
O próprio senador tem buscado mostrar diferenças em relação ao pai. Nesta segunda-feira, 15, ao participar de uma entrevista com o colunista Leo Dias, Flávio disse que tem mais o “perfil de conversar, buscar o diálogo”. “As pessoas vão ver um Bolsonaro mais centrado, mais equilibrado, que é do diálogo, que sabe fazer política e que conhece, em Brasília, o jogo do poder. Sempre cobraram muito isso. ‘O Bolsonaro podia falar menos, podia ser menos incisivo’. Então, sou eu!”, disse Flávio na entrevista.
