A Amazônia está se tornando um território hostil não apenas para defensores de direitos humanos, mas também para investidores. Um estudo lançado pelo Instituto Igarapé e pela Amazon Investor Coalition apontou que a combinação de crimes ambientais, insegurança fundiária e ausência do Estado de Direito mina a confiança de empresas e compromete metas climáticas.

Segundo a pesquisa “Fora do radar”, 56% dos entrevistados no Brasil e 39% na Colômbia relataram sentir insegurança para atuar na região. No lado brasileiro, o desmatamento ilegal e os conflitos pelo uso da terra lideram as preocupações. Do lado colombiano, o fator de maior risco são os grupos armados e a instabilidade política.

O estudo descreveu a formação de um “ecossistema de crimes ambientais”, no qual redes organizadas se utilizam de intimidação, corrupção e cooptação para controlar territórios e enfraquecer comunidades locais.

“Sem Estado de Direito, as metas climáticas e ambientais vão desmoronar. A COP30 tem que ser o ponto de virada”, alertou Robert Muggah, cofundador do Instituto Igarapé.

As consequências não são apenas sociais e ambientais. O relatório apontou que a instabilidade territorial se traduz em risco regulatório e operacional para quem investe na região. Extorsões e acordos forçados com grupos ilegais se tornaram rotina em áreas críticas, afastando capital e inibindo novos projetos.

A COP30, marcada para 2025 em Belém, é destacada como a grande oportunidade de incluir segurança territorial e governança na agenda climática e ambiental.

“Ignorar esses desafios e relegá-los exclusivamente a instituições estatais subfinanciadas só os agrava: as lacunas de governança persistem, as economias ilícitas florescem e os riscos operacionais se elevam”, resumiu Yanê Amoras, da Amazon Investor Coalition.