O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira defendeu a retomada de uma política pública voltada à qualificação de roteiros para o cinema e o audiovisual brasileiro. À coluna, Ferreira destacou que o incentivo à elaboração e ao aprimoramento de roteiros deve estar incluído nos próximos editais que vêm sendo preparados pelo governo federal.
“É um gargalo importante que precisamos superar”, afirmou Ferreira, lembrando que, durante sua gestão no Ministério da Cultura, editais específicos foram lançados com esse foco. Um dos projetos contemplados à época foi o filme “Ainda estou aqui”, vencedor do Oscar.
Segundo ele, a política foi extinta após o governo de Michel Temer e acabou abandonada na gestão Bolsonaro, quando o cineasta Walter Salles teria devolvido os recursos do edital, temendo interferências ideológicas.
Ferreira também comparou a situação do Brasil com a da Argentina, onde há investimentos contínuos na formação e no desenvolvimento de roteiros.
“Se compararmos com o cinema argentino, é gritante essa necessidade de investir na qualificação dos roteiros”, apontou.
Para o ex-ministro, essa mudança de paradigma é fundamental para que o Brasil deixe de atuar de forma extrativista — apenas acolhendo produções prontas — e passe a contribuir ativamente para a formação de um setor audiovisual competitivo.
“Já é o início de critérios de política industrial. Precisamos de bons roteiros para tornar o cinema brasileiro competitivo, tanto no mercado interno quanto no mercado externo”, concluiu.