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Faltam candidatos da esquerda para concorrer ao governo de São Paulo em 2026

Nomes cogitados como Fernando Haddad, Geraldo Alckmin, Guilherme Boulos ou Alexandre Padilha (foto) têm dificuldades para assumir a campanha. Indefinição de Tarcísio de Freitas sobre disputar o Planalto ou o Palácio dos Bandeirantes também contribuem para o quadro incerto

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A esquerda está sem candidato para concorrer ao governo de São Paulo em 2026. São cogitados no momento nomes como Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente da República e ministro da Indústria e Comércio; os ministros Fernando Haddad (PT), da Fazenda, Márcio França (PSB), do Empreendedorismo, e Alexandre Padilha (PT), da Saúde, além do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP).

A maioria deles, porém, enfrenta dificuldades para assumir uma eventual candidatura. A indefinição sobre o futuro político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à reeleição ou ao Palácio do Planalto – caso o ex-presidente Jair Bolsonaro fique realmente fora da disputa presidencial -, é o outro motivo que pesa na balança para a escolha do nome de um concorrente de esquerda.

Alckmin, ex-governador paulista, a princípio, deve continuar como vice na chapa de Lula, caso o presidente dispute a reeleição, o que ainda não é certo por causa de suas condições de saúde. A primeira-dama, Janja da Silva, disse nesta quarta-feira, 26, durante a viagem de Lula ao Japão, que o presidente “será candidato se tudo estiver bem com a saúde dele”. Ressaltou vê-lo no momento “muito forte de saúde”.

A vaga de candidato a vice de Lula é cobiçada também por partidos como o PSD e o MDB. No MDB fala-se em nomes como Helder Barbalho, governador do Pará, e Renan Filho, ministro dos Transportes; no PSD, as especulações apontam para Eduardo Paes, prefeito do Rio.

O vice-presidente pode ocupar a vice de um outro nome governista, ou mesmo lançar-se ao Planalto com o apoio de Lula (caso ele não se candidate à reeleição). Alckmin tem ainda a opção de disputar o governo de São Paulo. Essa última hipótese é cogitada, principalmente, se Tarcísio não for candidato à reeleição.

No eventual cenário sem Tarcísio, na visão de muitos petistas, Alckmin, bancado por Lula, seria um nome bastante forte. Ex-PSDB, o vice-presidente é bem avaliado e detentor de votos no interior de São Paulo, um reduto considerado conservador e avesso às candidaturas de esquerda. O PT nunca venceu uma eleição no estado. As chances, no entanto, de Alckmin disputar com Tarcísio, o favorito no caso de uma reeleição, são bastante reduzidas.

O nome considerado ideal para a disputa no estado, na avaliação de muitos petistas, seria o de Fernando Haddad. O ministro da Fazenda, no entanto, não pretende concorrer. Segundo aliados, ele considera que sua missão no ministério precisa ser concluída e não se mostra disposto a deixar o cargo antes do fim do mandato para participar de uma disputa eleitoral.

Haddad poderia se animar com a possibilidade de disputar a Presidência, caso Lula desista. Pessoas próximas ao ministro, porém, lembram que ele já afirmou que só assumiria uma nova candidatura presidencial – já concorreu em 2018, quando Lula estava preso -, se tiver chances reais de vitória.

Guilherme Boulos, pode vir a ser apoiado novamente pelo PT – como ocorreu na eleição paulistana no ano passado, quando perdeu para o prefeito Ricardo Nunes (MDB) -, é uma outra opção, mas ele teria dificuldades para obter votos no interior paulista, área onde o PSOL também nunca conseguiu bons resultados.

Já o ministro e ex-vice-governador Márcio França, que concorreu a prefeito de São Paulo em 2020 e a governador em 2018, sonha em ser o candidato das esquerdas, mas não é visto pelos petistas como um nome com grandes chances. Quanto ao ministro Alexandre Padilha, petistas avaliam que, caso ele faça uma boa gestão à frente do Ministério da Saúde, seria uma alternativa para concorrer ao Senado pelo estado.

Lula e o PT têm como meta eleger uma bancada forte no Senado, para dar suporte a um eventual novo governo petista. Padilha vem investindo numa divulgação maciça de suas realizações nas redes sociais desde quando ocupava a Secretaria de Relações Institucionais, e gostaria mesmo de concorrer ao governo, dizem petistas.

Porém, uma das condições que teria sido colocada para ele assumir o Ministério da Saúde era não se candidatar em 2026, para não ter de se desincompatibilizar no início do próximo ano (o prazo é dia 31 de março), caso deseje mesmo ser candidato ao governo ou ao Senado. “Será um desafio para a esquerda construir essa candidatura em São Paulo”, admite o deputado estadual paulista Simão Pedro (PT).

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