Indiciado no inquérito da tentativa de golpe, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de Osasco (SP), compartilhou com outro religioso um pedido para que brasileiros católicos e evangélicos incluíssem em suas orações apelos para que Deus fizesse a alta cúpula do Exército impedir a posse de Lula.
A história do envio da “oração do golpe”, incluída pela Polícia Federal no relatório final enviado ao STF, já é conhecida. Ninguém tinha atentado, porém, para o destinatário da mensagem. No documento, os investigadores mencionam Gilson da Silva Pupo Azevedo, ou simplesmente Frei Gilson, sem chamar atenção para o fato de que se trata de um cantor que é celebridade no universo católico brasileiro.
Frei Gilson, ligado à Renovação Carismática, tem mais de 6 milhões de seguidores em sua página principal no Instagram e costuma cumprir mensalmente uma intensa agenda de shows pelas várias regiões do país. Ele também é conhecido por conduzir, via redes sociais, sessões de oração nas madrugadas.
Na mensagem enviada ao frei-cantor em 3 de novembro de 2023, dia seguinte à derrota de Jair Bolsonaro nas urnas, o padre José Eduardo Oliveira pede a Gilson para compartilhar a oração apenas com pessoas de sua "estrita confiança".
Era um pedido de intervenção divina para que desse certo, no Brasil, outra intervenção – a militar. A oração incluía os nomes do então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e de outros 16 generais de quatro estrelas. Dizia a oração: "que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários públicos de farda".
Não fica claro, no relatório da PF, se o frei-cantor respondeu à mensagem do padre. O PlatôBR tentou falar com Frei Gilson, mas não teve retorno.