O longo voto de Luiz Fux no julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal) não pegou de surpresa quem conversou com o ministro nos últimos dias. Advogados dos réus que estiveram com Fux já sabiam que o voto dele seria longo — mais extenso até que o do relator, Alexandre de Moraes. E foi o próprio ministro quem deu o “spoiler”.

“Meu voto será longo, maior que o do relator”, antecipou Fux a pelo menos um dos defensores dos réus do processo, segundo relato feito pelo próprio ao PlatôBR, sob reserva.

E põe longo nisso. Ao todo, o ministro gastou mais de 13 horas para ler seu voto, considerando as pausas. Foi uma das leituras de voto mais extensas da história recente do STF. Alexandre de Moraes, o relator da ação penal, havia levado cerca de seis horas em sua apresentação. Flávio Dino, o segundo a votar, gastou cerca de 1 hora e 20 minutos.

Se o tempo gasto por Fux não surpreendeu, a postura do ministro sim. Conhecido por raramente atender pedidos das defesas, ele adotou uma linha garantista e votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros cinco acusados. Foi a favor de condenar apenas o ex-ministro e general Walter Braga Netto e o tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado de Direito.

O voto de Fux surpreendeu até mesmo advogados e apoiadores de Jair Bolsonaro, que projetavam que ele condenaria o ex-presidente, ainda que em condições mais leves que as de Alexandre de Moraes