O Brasil possui grandes reservas de gás natural e um setor de fertilizantes que depende fortemente dessa matéria-prima para produzir insumos agrícolas. No entanto, essa combinação promissora não se traduz em autossuficiência.
Segundo Betina Moura, especialista da consultoria Argus, empresa do ramo de energia, o problema central não está na falta de gás, mas na incapacidade de levá-lo até quem precisa.
Ela avalia que a malha de gasodutos do país está praticamente estagnada, sem expansão suficiente para conectar as áreas produtoras às regiões industriais. Além disso, o preço do gás nacional é considerado alto demais para competir com o produto importado.
Esse cenário cria um paradoxo: mesmo com potencial para dobrar, em poucos anos, o consumo de gás pela indústria de fertilizantes, o Brasil continua dependente do mercado externo. Hoje, 96% do nitrogênio utilizado na fabricação de fertilizantes químicos é importado, de acordo com levantamento da Argus.
“Sem condições competitivas, a indústria não absorve essa oferta”, disse Betina Moura.