Um dos generais que mais teve poder sob Jair Bolsonaro, ex-ministro da Casa Civil, da Secretaria de Governo e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos foi de tal maneira escanteado pelo ex-presidente na reta final do governo que, para sua sorte, passou ao largo da investigação e da denúncia da PGR sobre as articulações golpistas.
Ao menos até agora, o general da reserva que batia ponto no Palácio do Planalto não foi chamado sequer como testemunha de nenhum dos acusados, fosse para falar da boa conduta ou do apreço pela democracia dos denunciados pela PGR — alguns dos quais oficiais das Forças Armadas, como ele.
Um fato curioso: embora Ramos tenha ficado de fora, uma das figuras mais incendiárias do golpismo palaciano sob Bolsonaro era, segundo a PGR, o número dois dele na Secretaria-Geral da Presidência: o general Mário Fernandes.
Fernandes, disse Gonet, chegou a imprimir no Palácio do Planalto o plano conhecido como “Punhal Verde Amarelo”, com maquinações para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
Em sua delação premiada, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid explicou que Ramos estava afastado de Bolsonaro na época da trama golpista. Disse Cid:
"O general Ramos foi completamente alijado do processo. Ele teve alguns problemas com o presidente. Ele até achava que seria o ministro da Defesa, o presidente não nomeou. O presidente foi, devagarzinho, escanteando ele. Tanto que, no final do ano, ele não apareceu”.