Depois de arrefecer o fogo cruzado entre parlamentares e o STF em torno do impeachment de ministros do Supremo, uma pesquisa da Genial/Quaest aponta que 51% dos brasileiros são contra alguma medida que dificulte a deposição de membros da corte. O levantamento apurou que 33% pensam o contrário e 16% não souberam responder ou não responderam.

A pesquisa detectou que os lulistas são os eleitores que mais concordam em dificultar o impeachment de ministros do STF, com 46%, ante 34% que discordam. Entre eleitores de esquerda, mas não lulistas, cai a 38% o percentual dos que defendem medidas para tornar mais difícil tirar o cargo de um integrante do Supremo.

À direita, os eleitores não bolsonaristas são os que mais discordam de serem criados obstáculos para o impeachment de ministros do STF, com 70% das respostas. Entre os bolsonaristas, 59% pensam deste modo e 33% são a favor de medidas que preservem os magistrados.

Já os eleitores que se identificam como independentes se dividem entre 50% que discordam de dificultar o impeachment dos ministros e 30% que concordam.

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada de 11 a 14 de dezembro, com 2.004 entrevistados, com uma margem de erro de dois pontos percentuais.

Nas duas últimas semanas, o tema tensionou ainda mais a relação entre o Congresso e o Supremo, depois que Gilmar Mendes assinou uma decisão liminar que restringiu à PGR o direito de pedir o impeachment dos ministros do STF. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, foi a público criticar o ministro e dezenas de senadores reiteraram o discurso de Alcolumbre, em meio a planos de retaliação contra o Supremo.

A temperatura subiu tanto que Gilmar recuou e tirou de sua decisão o trecho em que dava exclusividade ao procurador-geral da República. No entanto, ele manteve o ponto da decisão que alterou para maioria qualificada de dois terços, ou seja, 54 votos, e não mais maioria simples, o quórum para se aceitar e aprovar o impeachment contra ministro do STF.

A lei diz que qualquer cidadão pode ingressar com um pedido de impeachment. Embora seja o que está em vigor, nunca houve casos de impedimento de um ministro do Supremo desde a Constituição de 1988. Agora, o Senado vai discutir um marco legal para regular os processos de impeachment.