Presidente eleito do PT, Edinho Silva deve anunciar a nova executiva do partido na primeira reunião do diretório nacional desde sua eleição. O encontro ocorre em 23 de agosto em Brasília e vai marcar uma vitória da ministra e ex-presidente da legenda, Gleisi Hoffmann. Ela deve conseguir manter na secretaria de finanças a dirigente Gleide Andrade.
Desde que o nome de Edinho estava sendo cogitado, a ideia era que Gleide, nomeada por Gleisi, fosse substituída por um nome de maior confiança de Edinho. Outra sugestão era que a vaga resolvesse um problema de Lula no Palácio. Os interlocutores de Lula sugeriram várias vezes que ela fosse ocupada pelo ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência. O ministro, no entanto, mesmo quando colocado em risco de queda, avisou aos quatro ventos que não gostaria de retomar a tesouraria do partido. Ele havia substituído João Vaccari durante a Lava Jato, sob a presidência de Rui Falcão.
A tesoureira é do mesmo grupo político de Lula, Gleisi e Edinho, a Construindo um Novo Brasil (CNB), mas não era o nome de preferência do presidente eleito. Boa parte da resistência ao nome de Edinho durante a pré-campanha eleitoral era que ele queria mudar a tesoureira. Apesar das diferenças com Edinho, Gleisi atuou para que ele saísse vitorioso, mas tem uma forte influência na administração da legenda tanto por ter sido presidente durante o período mais difícil do partido, a prisão de Lula, quanto por ter agora o ministério.
Dentro do PT, Gleide Andrade tem a fama de ser rígida com as contas e de ter colocado o partido nos trilhos financeiros. Um dos exemplos é o acordo que fez para quitar a dívida com o ex-marqueteiro do partido preso e delator na Lava Jato, João Santana. Sua empresa, a Polis, cobrava na Justiça uma dívida de R$ 9 milhões. Gleide negociou para R$ 4 milhões, pagando R$ 2,3 milhões à vista.
A gestão de Gleide Andrade passou a ser defendida também pelo presidente Lula.