O Palácio do Planalto ainda avalia se a autorização do presidente Donald Trump, para que a CIA (Agência Central de Inteligência) realize ações secretas na Venezuela será um assunto abordado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encontro que está sendo preparado pela diplomacia brasileira com o americano. O governo deve avaliar a conveniência de tratar desse tema somente quando o encontro ocorrer. A ideia é ponderar a respeito da oportunidade de se posicionar diante de Trump em relação a essa questão. 

“Ainda não dá para dizer se haverá a oportunidade de tocar nesse assunto no encontro que ocorrerá entre os dois presidentes e que será muito importante. Isso não quer dizer que o Brasil não preza pela soberania e pela autodeterminação dos povos e que não seja contrário a qualquer tipo de interferência”, disse ao PlatôBR o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim. 

A indefinição se deve à imprevisibilidade do que Trump poderá empreender na Venezuela. Mais cedo, à CNN, Amorim buscou tratar com “otimismo” essa imprevisibilidade. “Seria muita ingenuidade afirmar que isso não acontecerá, mas a experiência mostra que a ameaça é levada a um extremo antes da uma negociação. Sejamos otimistas”, disse o ministro.

Até o momento, os sinais de que Trump está disposto a derrubar o regime de Nicolás Maduro vêm em uma curva crescente. A tensão começou em agosto, quando Washington anunciou o envio de navios e aeronaves militares para o sul do Caribe, sob a alegação de combater o tráfico internacional de drogas.

Desde então, os Estados Unidos bombardearam embarcações suspeitas, sobrevoaram a região mais próxima do território venezuelano e ofereceram recompensa de U$ 50 milhões por informações que levem à prisão do presidente Nicolás Maduro, acusado por Trump de liderar o Cartel de los Soles, grupo classificado como organização narcoterrorista. 

A autorização de Trump para que a CIA realize ações na Venezuela, inclusive com operações em terra, ocorre bem no momento em que o governo brasileiro tenta reverter junto ao americano a imposição de tarifas extras de 50% sobre exportações brasileiras. Nesta quinta, após se reunir com o secretário de Estado, Marco Rubio, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que tratou do tarifaço e que o encontro entre Lula e Trump deve acontecer em breve, no entanto, não informou uma data.