Após reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros, especialmente os que foram governadores, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), disse que o governo espera que até o final do ano a Câmara consiga votar tanto o PL Antifacção quanto a PEC da Segurança – ou seja, as duas propostas enviadas pelo Planalto ao Congresso que tratam da questão da segurança pública.

Gleisi, no entanto, indicou que a prioridade é a PEC. “A gente gostaria muito [que a PEC fosse votada], tanto que ela foi antes para o Congresso Nacional, está lá desde abril”, disse a ministra, criticando de forma velada a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de deixar a proposta de emenda constitucional para depois.

“Obviamente que agora, chegando ao final do ano, com a gente tendo os enfrentamentos que fazer nessa situação, às organizações criminosas, seria importante conseguir a apreciação dos dois ao mesmo tempo”, disse. “Vamos lembrar que essas matérias têm que ir para o Senado”, disse a ministra após a reunião. “Então nós queremos fazer um esforço porque eu acho que até o final do ano esses esses instrumentos legislativos têm que estar definidos”, enfatizou.

Ao mesmo tempo que considera importante o texto original do projeto Antifacção, o governk também entende que a Câmara aprovar o texto do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), que está em sua quarta versão, é pior que não votar. 

Nas conversas internas, integrantes do Planalto identificaram o desejo da oposição de construir uma saída honrosa para Derrite, preservando sua imagem de entendedor da área de segurança mesmo diante das versões apresentadas, que desagradaram o governo e também a base bolsonarista.

Para esses auxiliares do presidente Lula, o sinal de que o ex-secretário do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-PB), tentará esfriar o debate sobre seu relatório surgiu na quarta-feira, 12, quando os governadores de partidos de direita pediram a Motta o adiamento em 30 dias da discussão do projeto.

“Adiar por 30 dias significa quase chegar ao recesso de fim de ano”, observou um membro do governo em conversa com o PlatôBR após a reunião.

Diante disso, o Planalto adotou a estratégia de se apresentar disposto ao debate e mostrar que, em contraste com o afogadilho das quatro versões apresentadas por Derrite em menos de uma semana, a versão original do projeto de lei foi amadurecida antes de ser entregue ao Congresso para a apreciação.

Ao chamar os ministros que também foram chefes de governos estaduais, Lula quis fazer um contraponto às articulações dos governadores da oposição que foram recebidos na quarta-feira, 12, por Hugo Motta.

Da reunião com Motta participaram Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Celina Leão (PP), vice-governadora do Distrito Federal.

Nesta quinta, além de Gleisi, estiveram na reunião com Lula o vice-presidente Geraldo Alckmin, Rui Costa (Casa Civil), ex-governador da Bahia, Renan Filho (Transportes), ex-governador de Alagoas, Camilo Santana (Educação), ex-governador do Ceará, Wellington Dias (Desenvolvimento Social), ex-governador do Piauí, e Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional), ex-governador do Amapá. Também estavam lá Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Fernando Haddad (Fazenda).

Motta pautou a votação do “PL Antifacção” para a próxima terça-feira, 18. A PEC da Segurança, por sua vez, ainda precisa ser votada na comissão especial criada para debatê-la antes de seguir para plenário.