O Ministério do Trabalho deve publicar ainda esta semana a portaria com os nomes que vão compor a Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego, parte do Plano Brasil Soberano. O colegiado do governo Lula vai mapear setores e empresas atingidos pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, que podem chegar a 50% sobre produtos brasileiros.
A Câmara terá como tarefa identificar impactos diretos e indiretos nas cadeias produtivas e propor medidas para preservar empregos. Entre as atribuições estão acompanhar diagnósticos sobre o nível de emprego, analisar folhas de pagamento e benefícios e mediar conflitos trabalhistas. O grupo também poderá acionar mecanismos como lay-off e suspensão temporária de contratos.
O risco de desemprego preocupa o governo. O BNDES calcula que, em um cenário pessimista, as tarifas norte-americanas podem eliminar até 320 mil postos de trabalho no Brasil — o equivalente a 0,7% do total de empregos formais, hoje em torno de 48 milhões.
A coordenação será feita em nível nacional e regional, com participação das Superintendências Regionais do Trabalho, que vão lidar com as especificidades de cada estado.
O Plano Brasil Soberano foi lançado por Luiz Inácio Lula da Silva em 13 de agosto, em resposta às medidas de Washington. O pacote se organiza em três eixos: fortalecimento do setor produtivo, proteção aos trabalhadores e diplomacia comercial. Entre as medidas já anunciadas estão R$ 30 bilhões em crédito do Fundo Garantidor de Exportações (FGE), ampliação de linhas de financiamento, prorrogação da suspensão de tributos e aumento da restituição de impostos via Reintegra.