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O gesto de Haddad e Padilha para Hugo Motta

O ministro da Fazenda levou 25 projetos considerados prioritários pelo governo e se desdobrou em afagos e gentilezas para conquistar o novo presidente da Câmara

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foram à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 5, para fazer um gesto claro ao novo presidente da casa, Hugo Motta. A dupla deixou evidente que o governo espera tempos mais amenos neste ano e deseja criar condições diferentes daquelas em que o antecessor de Motta, Arthur Lira (PP-AL), estava sentado na cadeira.

O alagoano, que esteve de fora das conversas desta quarta, até sustenta uma posição de ministeriável junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas imprimiu pressão forte sobre o Executivo durante os dois primeiros anos do atual governo. Padilha, que travava uma guerra com Lira nos bastidores, agora parece bem mais aliviado. Líderes que participaram do encontro relataram, sob reserva, que o ministro estava muito mais descontraído e sorridente.

Ciente de que criticar o ainda poderoso Lira não levaria a nada, Haddad fez questão de minimizar os embates dos dois anos anteriores. E, claro, se mostrou esperançoso - e autoconfiante - quanto à aprovação das propostas prioritárias para o governo. "Sou muito grato ao deputado Hugo Motta. Nós votamos 32 leis aqui (no Congresso). Qual foi o ministro que aprovou leis aqui?", disse após a reunião.

Haddad levou para Motta uma lista com 25 projetos prioritários. Entre eles estão a proposta de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês, a regulamentação das big techs e a limitação dos supersalários, além de mudanças na previdência dos militares. O prazo pedido oficialmente para as votações é de dois anos, mas o desejo do Executivo é que o novo presidente entregue as propostas votadas ao final de 2025. O governo teme que a proximidade das eleições presidenciais do ano que vem contamine o ambiente na Câmara, impedindo os debates.

Tanto a reunião quanto a entrevista que se seguiu foram repletas de afagos. Haddad classificou Motta como “líder extraordinário” e falou de sua habilidade com deputados de outros partidos, como Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Antonio Brito (PSD-BA) e Doutor Luizinho (PP-RJ).

Ao final, o clima de cortesia deu lugar a uma cobrança dos dois ministros em relação à taxa de juros. Último a falar, Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) se valeu da posição de “decano” da Câmara para reclamar das altas taxas de juros estabelecidas pelo Banco Central, inclusive sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado por Lula. Haddad e Padilha não responderam.

Hugo Motta tomou a palavra logo em seguida e prometeu se esforçar para que as pautas sejam amplamente discutidas e aprovadas de acordo com a disposição dos partidos da Casa. “Temos todo o intuito de ajudar na agenda, é uma agenda de país. Temos um grande desafio econômico para 2025, e nada melhor que essa cooperação entre os poderes”, disse após o encontro.

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