Já se estende por 17 dias a ocupação da Secretaria de Educação do Pará por indígenas, quilombolas e professores. A ministra Sônia Guajajara até tentou mediar, mas o problema de Helder Barbalho só cresce, justamente quando Belém se ajeita para receber a COP30. Na noite de de terça-feira, 28, 40 representantes dessas comunidades se reuniram com o governador, mas voltaram frustrados para a ocupação, onde estão acampadas, segundo os organizadores, cerca de 300 pessoas.
O foco do problema é a lei 10.820/24, que dispõe sobre o Estatuto do Magistério Público do Estado do Pará. “A lei tira do estudante o direito de ter um professor e coloca uma tela no lugar, como um telecurso. Isso é gravíssimo. Tem aldeias onde os alunos não falam nem português, como vão fazer sem um professor presente?”, questiona a líder munduruku Alessandra Korap. Segundo ela, a lei pode afetar cerca de 500 indígenas de sua etnia.
Alessandra afirmou à coluna que, na conversa com Helder, o governador admitiu que deveria ouvir todos os povos indígenas e os quilombolas do estado, mas não voltou atrás para a reivindicação dos manifestantes, que querem a revogação da lei e a demissão do secretário de Educação, Rossieli Soares. O Pará tem 55 povos indígenas e 22 deles estão representados na ocupação, além de ao menos 50 quilombolas.
Rossieli é ex-ministro de Temer e ex-secretário de João Doria, em São Paulo. “Ele não conhece a realidade do Pará”, disse a indígena.