O Brasil atingiu, em 2023, a menor marca em número de homicídios dos últimos 11 anos. Foram 45.747 mortes, um recuo de 2,3% em relação ao ano anterior. Mas essa redução, de acordo com a série histórica de 2013-2023, não se traduz em mais segurança para as pessoas negras. Ao contrário: os riscos de uma pessoa negra ser assassinada no país aumentou 15,6% em comparação a 2013. Os dados fazem parte do Atlas da Violência 2025, lançado nesta segunda-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Ipea.

Em 2023, foram registrados 35.213 homicídios de pessoas negras – pretas e pardas – no Brasil, uma variação de -0,9% em relação a 2022. A taxa de homicídios de pessoas negras em 2023 foi de 28,9 (por 100 mil pessoas), com variação de -2,7% comparado com 2022 e -21,5% com 2013. Para pessoas não negras, essa queda é maior: a taxa de homicídios de pessoas não negras por 100 mil habitantes foi de 10,6 em 2023, variando -1,9% com relação a 2022 e -32,1% com relação a 2013.

De acordo com o Atlas, “pode-se observar que tanto o volume de homicídios de pessoas não negras é inferior, quanto sua redução ao longo do período é superior. Isso evidencia um contexto de desigualdade racial na violência letal”.

Em 2023, segundo o relatório, uma pessoa negra tinha 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio do que uma pessoa não negra, o que significa um aumento de 15,6% em relação a 2013.

Apesar do contexto de desigualdade racial se expressar em todas as regiões, o que mais chama a atenção é o cenário do Amapá. Em 2023, ocorreram 508 homicídios de pessoas negras no estado e seis de pessoas não negras; as respectivas taxas foram de 70,2 e 3,4 homicídios por 100 mil habitantes.