NOVA YORK – No momento em que o mundo vive os efeitos da política protecionista do governo Donald Trump, o Brasil deve buscar a pacificação política, deixar de lado as “pautas tóxicas” e a polarização política, e focar na pauta do desenvolvimento econômico. Esses foram os pontos centrais do discurso feito para uma plateia de empresários nesta terça-feira, 13, pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante participação no 14 Lide Brazil Investment Forum (foto), em Nova York.
“Não podemos viver numa polarização política radicalizada que faz ter gasto de energia, que não produz nada e que poderíamos estar focado numa agenda de entrega ao país”, afirmou Motta. Na sequência, fez um apelo pelo adiamento das discussões eleitorais para 2026. “Todos temos um dever político e vamos deixar para discutir eleição no ano que vem. Vamos sair de pautas tóxicas que nos cansam, tomam nosso tempo e não nos permitem avançar” continuou. A pacificação, segundo o presidente da Câmara, depende também da harmonia entre os poderes: “Não é um só que vai governar o país”.
Na opinião de Motta, a política protecionista do presidente Donald Trump obriga o Brasil a ser ainda mais eficiente, para enfrentar o cenário de instabilidade mundial, e isso exige um ambiente “de pacificação”. Nesse sentido, o presidente da Câmara destacou a necessidade de o Brasil aproveitar o momento para avançar na exportação de produtos de valor agregado, que geram mais riqueza para qualquer economia. “É isso que vai mudar a realidade do nosso país”.
O deputado também propôs uma discussão sobre eficiência da máquina pública que, segundo ele, “é pesada e retrograda”. Defendeu, ainda, uma revisão dos R$ 650 bilhões de isenções fiscais dadas a vários setores:
“A Câmara está pronta para fazer esse debate e será uma agenda positiva para o Brasil que ajudará a reduzir juros, que são danosas ao desenvolvimento”. Para Mota, o crescimento do país tem sido gerado “com esforço de dinheiro público”, baseado no consumo. Mas, com isso, observa, o Brasil tem que lidar com o déficit fiscal.
Na lista de projetos importantes na pauta do Congresso, ele citou projetos nas áreas de inteligência artificial, educação e a proposta de isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil. “O desafio é encontrar compensação justa para que não prejudique o crescimento do país”, argumentou. Ele Também mencionou a PEC da segurança pública. “A PEC segurança é a principal pauta da sociedade. Não podemos mais empurrar para debaixo do tapete”.
Segundo ele, “Não existe segurança de direita e de esquerda. O que existe é a insegurança”. Como exemplo de legislação positiva aprovada pelo Parlamento, o presidente da Câmara fez referência à Lei de Reciprocidade, sancionada em abril por Lula.
Aumento de deputados
Depois de discursar em defesa da austeridade fiscal, Motta falou na saída do evento com empresários sobre o aumento da quantidade de deputados, aprovada recentemente pela Câmara. Argumentou que a proposta não provocará crescimento de gastos para a sociedade. Ele afirmou que a Câmara está fazendo estudos para ver como implementar a medida, se for sancionado pelo Senado Federal. “Estamos fazendo esse levantamento para que isso não venha a acarretar aumento de custos”, disse, sem explicar se, para compensar novas despesas, poderia haver redução de valores das emendas parlamentares.