O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) rejeitou a versão de que não esteja cumprindo acordos feitos com o governo no caso do decreto que aumentou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Também não gostou da manifestação de surpresa do governo em relação à pauta desta quarta-feira, 25. Interlocutores afirmam que o único comportamento diferente nesse episódio foi ter usado suas prerrogativas de presidente da Casa, sem combinar com o governo o que iria para a pauta da semana, como tem feito desde que tomou posse no cargo.

Na raiz desse impasse está também a questão das emendas. O acordo alegado pelo governo previa que o item não fosse pautado nesta e na próxima semana. Seria um prazo para que, além de apresentar alternativas ao aumento do imposto, fosse possível destravar os repasses dos restos a pagar. Enquanto o governo ainda busca um novo acordo, nomes próximos de Motta falam em letargia do governo.

O governo alega, nos bastidores, que Motta não cumpriu os 15 dias de prazo que ele mesmo tinha dado para uma apresentação, por parte da equipe econômica, de uma solução alternativa ao aumento do IOF. Sobre esse prazo, o entendimento de Motta é que o Planalto já teve mais de 30 dias, desde que o primeiro decreto foi feito, para apresentar uma nova solução que não seja o aumento de imposto.

A sessão semipresencial está marcada para esta quarta-feira, 25, às 14h. Se o decreto for derrubado pelos deputados, caberá ao governo continuar a articulação no Senado. O governo ainda busca os motivos de insatisfação de Motta, mas existem fatores que considera que podem ter influenciado o deputado, além do atraso no pagamento de emendas. Motta também não tem gostado das sinalizações do governo em relação à reforma administrativa e do posicionamento do ministro Fernando Haddad (Fazenda) sobre a proposta que aumenta o número de deputados, que está pautada no Senado e que é uma prioridade para o presidente da Câmara.