A Instituição Fiscal Independente do Senado projeta para 2026 números de crescimento do PIB e inflação mais modestos que os do governo Lula. No Relatório de Acompanhamento Fiscal que será publicado nesta quinta-feira, 18, a entidade projeta um PIB de 1,7% para o próximo ano — abaixo dos 2,4% previstos no PLOA — e inflação de 4,3%, também acima dos 3,6% do governo.
 
Essas duas diferenças já bastam para colocar em dúvida a capacidade do governo de cumprir a meta fiscal de superávit de 0,25% do PIB. 
 
Segundo a instituição, para chegar lá seria preciso um esforço adicional de R$ 79,3 bilhões. Na prática, a conta fecha com um déficit primário de R$ 103 bilhões em 2026, ou 0,7% do PIB. Mesmo com os descontos legais, o resultado ficaria negativo em 0,3% — fora da margem permitida pelo arcabouço fiscal.
 
O relatório citou ainda riscos de arrecadação, já que parte das receitas depende de medidas que ainda tramitam no Congresso, como a MP que amplia a tributação sobre aplicações financeiras e fintechs e o projeto de lei que isenta as faixas mais baixas do IRPF. 
 
No campo das despesas, a Instituição Fiscal Independente vê otimismo excessivo do governo ao projetar gastos previdenciários e assistenciais menores do que a tendência sugere.
 
Na avaliação do diretor Marcus Pestana, o Brasil não está em situação aguda como a da Argentina, mas vive um processo “lento, gradual e progressivo” de deterioração fiscal. 
 
“As mudanças de metas e a exclusão de determinadas despesas da apuração do lilmite de gastos e das metas fiscais comprometem o papel do arcabouço de sinalizador da solidez da política fiscal”, afirmou.